A semana de 22 e a contestação chique. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 6 de fevereiro de 2022 às 17:04
A imagem do Ruy Castro
Ruy Castro. Foto: Reprodução/YouTube

O jornalista e chargista Gilberto Maringoni escreve sobre o artigo do cronista Ruy Castro na Folha de S.Paulo. O articulista do jornal escreveu sobre a Semana de 22.

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O que Maringoni escreveu?

RUY CASTRO PRODUZIU um artigo surpreendente para a Folha deste domingo. Munido de informação e argumentação consistentes, o autor de “O anjo pornográfico” coloca em questão o alcance da Semana de 22 e seu caráter elitista e localizado, que cresceu à sombra de releituras variadas feitas no meio século que a sucedeu.

O evento reuniu artistas diversos – alguns de enorme talento – no Theatro Municipal de São Paulo e é tido como uma espécie de marco fundante do Brasil contemporâneo no terreno da cultura. Aqueles três dias de fevereiro há cem anos teriam – com penas, acordes e pincéis – nos tirado do academicismo afrancesado das artes plásticas de então, do beletrismo empoeirado de nosso parnasianismo e do artificialismo romântico de José de Alencar (os jovens elegantes da metrópole do café parecem ter abstraído a existência de João do Rio e de Lima Barreto, entre outros). Mutatis mutandis, é mais ou menos o que alguns criadores da bossa nova achavam de seu movimento em relação à produção musical brasileira anterior.

O grande personagem paulista da Semana foi Mário de Andrade, não apenas pela produção literária e pelo talento musical, mas por sua ação como pesquisador musical e de folclore. Macunaíma – lançado seis anos após a Semana – é um marco definidor na literatura brasileira. Assumiu também o lado prático da vida cultural ao ser nomeado primeiro titular do Departamento de Cultura e Recreação da Prefeitura Municipal de São Paulo (1935). Era um órgão mais abrangente que a atual Secretaria Municipal de Cultura, pois tinha sob sua responsabilidade também a gestão de parques públicos e a criação dos primeiros parques infantis da cidade (atuais Escolas Municipais de Educação Infantil).

Mas Castro não se restringe a isso, e dedica a maior parte de suas linhas às ligações dos principais personagens da Semana com a oligarquia do café-com-leite. É o caso do mais ruidoso dos promotores, o – a meu ver – sempre superestimado Oswald de Andrade, ele mesmo herdeiro de grossa fortuna.

Juntamente com a admirável reportagem de Mino Carta sobre o cinquentenário da Semana – publicado em janeiro de 1972 na revista “Realidade” e já postado aqui– o artigo de Ruy Castro é uma importante contribuição para se avaliar o alcance daqueles antigos e apimentados dias no centro de São Paulo.

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