Abandonado como Joaquim Barbosa, resta a Moro ser defendido pela “conja” e dizer que queria “proteger” Lula

Atualizado em 4 de fevereiro de 2021 às 11:26
Moro e a turma da Globo

Há alguns anos eu escrevi no DCM que Sergio Moro teria o triste destino de Joaquim Barbosa, abandonado por seus patrocinadores.

O desespero de Moro é tamanho que restou-lhe ser defendido pela própria mulher numa reclamação ao STF — e alegar que quer “proteger” Lula.

Ele e a mulher pedem a revogação da decisão que liberou as mensagens obtidas pelo hacker Walter Delgatti por considerarem que houve usurpação de competência do amigo Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato.

Insistem que as mensagens apreendidas — e periciadas — pela Polícia Federal não são autênticas.

Num momento de puro suco do cinismo, é dito que o diálogo em que o ex-juiz consulta Deltan Dallagnol sobre se os procuradores já tinham uma “denúncia sólida o suficiente” contra Lula tinha o intuito de “proteger” o ex-presidente.

De quê?

De “acusações levianas” do Ministério Público Federal.

Ou seja, Moro não hesita também em queimar o parceiro Dallagnol, que o bajulava loucamente e seguia cegamente suas instruções.

A Lava Jato morreu ontem sem choro nem vela.

O super-heroi criado mídia e, especialmente, pela Globo mereceu umas poucas palavras de uns comentaristas sem noção e um editorial pífio.

Moro viu o que ocorreu com Barbosa e tantos outros que serviram aos mesmos senhores, mas, por ambição, seguiu até bater no muro.

Gramsci dizia que a história ensina, mas não tem alunos.

Agora tem que aguentar, sobretudo, a cobrança de Rosângela, que vê seu sonho de princesa se espatifar porque o conje abusou.

Fiquemos com os versos imortais de Augusto dos Anjos:

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!