Abbas denuncia genocídio em reunião na Cisjordânia; Blinken promete ajuda dos EUA para Estado palestino

Atualizado em 5 de novembro de 2023 às 18:03
Secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, e o líder palestino Mahmoud Abbas durante encontro em Ramallah. Foto: Jonathan Ernst/AP

Publicado originalmente na RFI

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, fez um alerta neste domingo (5), sobre a “retirada forçada” de palestinos da Faixa de Gaza, após um encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia. O líder palestino condicionou o retorno da Autoridade Palestina a Gaza a um “acordo político” que incluiria a Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental no futuro Estado palestino.

“A Faixa de Gaza é parte integrante do Estado da Palestina, e assumiremos todas as nossas responsabilidades em uma solução política que englobe a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza”, disse Abbas ao receber o secretário de Estado americano. Esta foi a primeira visita de Blinken à Cisjordânia ocupada desde o início da crise.

Blinken assegurou a Abbas que investirá na solução dos dois Estados. “O secretário de Estado manifestou o empenho do EUA no estabelecimento de um Estado palestino”, confimou o porta-voz do secretário de Estado americano, Matthew Miller, após o encontro.

Durante a reunião, o líder palestino denunciou “o ‘genocídio’ na Faixa de Gaza, “sem qualquer respeito aos princípios do direito internacional”. Ele também mencionou o “terrorismo dos colonos” de judeus na Cisjordânia, que considera como uma “limpeza étnica” que vem sendo colocada em prática pelo governo israelense.

Abbas ainda disse que “recusa categoricamente transferir à força palestinos para fora da Faixa de Gaza, da Cisjordânia ou de Jerusalém”. Declarações recentes de ex-autoridades israelenses sugerem que Israel espera que alguns habitantes de Gaza sejam enviados para o Sinai, no Egito.

Ajuda humanitária

Em um comunicado após o encontro, o porta-voz de Blinken também disse que o secretário de Estado americano reafirmou “o compromisso dos Estados Unidos com a entrega de ajuda humanitária e a retomada dos serviços essenciais em Gaza”.

Blinken também pediu o fim da “violência extremista” contra palestinos na Cisjordânia, onde a comunidade internacional teme uma extensão do conflito, e “deixou claro que os palestinos não devem ser deslocados à força”, segundo seu porta-voz.

A guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino exacerbou as tensões na Cisjordânia ocupada, onde mais de 150 palestinos foram mortos por soldados ou colonos israelenses desde o dia 7 de outubro, de acordo com a Autoridade Palestina.

EUA é contra cessar-fogo

Na véspera, em Amã, na Jordânia, Blinken havia reiterado a oposição dos Estados Unidos por um cessar-fogo, que, segundo ele, beneficiaria o Hamas. Mas, ele defendeu “pausas” nos ataques para entregar ajuda humanitária à população de Gaza.

O exército israelense, que realiza operações terrestres paralelas aos ataques desde o dia 27 de outubro, voltou a pedir à população, neste domingo, que deixe o território em direção ao sul para se proteger dos combates.

De acordo com o último balanço do Hamas, 9.770 pessoas, incluindo 4.800 crianças e 2.550 mulheres, morreram na Faixa de Gaza desde o início da guerra. Segundo as autoridades israelenses, pelo menos 1.400 pessoas morreram do lado israelense, a maioria civis mortos no dia do ataque do Hamas. Pelo menos 345 soldados morreram de acordo com o Exército.

Etapa na Turquia

O secretário de Estado americano é esperado em Ancara, na Turquia, neste domingo (5) à noite, onde tem um encontro o ministro dos Negócios Estrangeiros Hakan Fidan, na segunda-feira (6), para discutir a situação em Gaza.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que estaria ausente de Ancara durante a visita de Blinken. Em sua viagem ao Oriente Médio, onde chegou na quinta-feira (2), o secretário de Estado americano já esteve em Israel, Jordânia e na Cisjordânia.

Com informações da AFP

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