Abin de Ramagem, Heleno e Bolsonaro monitorou promotora do caso Marielle

Atualizado em 25 de janeiro de 2024 às 15:47
Ministro do STF aponta uso da Abin para vigilância em caso Marielle. Foto: Divulgação

Na decisão que fundamentou a operação contra o ex-chefe da Agência Brasileira de Informações (Abin), Alexandre Ramagem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes revelou que a estrutura da Abin foi utilizada durante o governo de Jair Bolsonaro para monitorar Simone Sibilio, ex-coordenadora da força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) responsável pela investigação das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes.

Conforme a decisão, a Controladoria Geral da União (CGU) encontrou um resumo do currículo da promotora do MP-RJ, que coordenava a força-tarefa. Esse documento, segundo as investigações, apresentava a mesma formatação de relatórios apócrifos criados pela estrutura paralela de espionagem na Abin durante o governo Bolsonaro.

De acordo com informações da Polícia Federal, foi identificada uma “estrutura paralela infiltrada” na Agência Brasileira de Informações (Abin) durante a gestão do delegado Alexandre Ramagem.

Deputado Federal Delegado Ramagem. Foto: Divulgação

Ramagem, que liderou a agência durante o governo Jair Bolsonaro (PL), é atualmente deputado federal e figura entre os alvos da operação. Os investigadores realizaram diligências com mandados de busca tanto em seu gabinete quanto no apartamento funcional da Câmara que ele ocupa.

A decisão de Moraes destaca a “instrumentalização da ABIN para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava, Anderson Gomes”.

Embora não esclareça o objetivo específico do monitoramento da promotora, a decisão sugere a existência de um esquema de monitoramento ilegal na Abin, visando, entre outras coisas, criar relatórios apócrifos para construir narrativas falsas.

Simone Sibilio, responsável pelo caso desde 2018, deixou a investigação em 2021, alegadamente por receios e insatisfação com “interferências externas”. O caso continua sob investigação do MP-RJ, e a Polícia Federal (PF), a pedido do ex-ministro Flávio Dino, abriu um inquérito para ampliar a “colaboração federal” nas investigações.

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