Aborto legal: Carluxo quer que mulheres estupradas ouçam coração do feto

Atualizado em 24 de setembro de 2023 às 12:23
Vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Foto: Sérgio Lima

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) protocolou um projeto de lei que levanta debates sobre o processo de interrupção da gravidez em casos de estupro. A proposta busca obrigar equipes médicas a convidar gestantes a ouvirem os batimentos cardíacos dos fetos antes de tomar uma decisão definitiva sobre o aborto legal. O projeto, apresentado em março, está pendente de votação.

Carluxo, como é chamado, justifica em seu projeto de lei que há a intenção de sensibilizar as gestantes, fazendo com que elas percebam que “há uma vida dentro delas”. O vereador argumenta que a audição dos batimentos cardíacos do feto pode ter o “condão invariável” de trazer as mulheres de volta à razão, impactando sua escolha em relação ao aborto legal.

“A praga do culto ao aborto como sustentáculo da idolatria ao sexo desenfreado e irresponsável vem tomando proporções apocalípticas no Brasil e no mundo, impulsionada por uma onda de desinformação e de banalização do próprio ato sexual, da maternidade, das questões de saúde e da vida em si, sem precedentes na História, fruto de campanhas mentirosas e da ação de perversão do senso comum por meio de propagandas midiáticas veiculadas pela imprensa que temos hoje e do uso de muitas universidades como incubadoras de uma ‘ciência’ pós-moderna e adepta da chamada pós-verdade, onde tudo é permitido, onde não há objetividade e onde vale o ‘o quê estou sentindo e que se dane o resto'”, justifica em seu projeto de lei.

Mulheres em protesto contra a legalização do aborto

Vale ressaltar que a proposta de filho do ex-presidente tem semelhanças com uma medida adotada na Hungria há cerca de um ano. Sob o governo ultraconservador de Viktor Órban, uma das poucas lideranças mundiais que se aproximaram de seu pai, a lei húngara exigia que mulheres grávidas escutassem os batimentos cardíacos do feto antes de prosseguirem com o aborto.

A Anistia Internacional criticou essa medida, alegando que ela dificultaria o acesso ao procedimento e poderia “traumatizar ainda mais mulheres em situações difíceis”.

O projeto de Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro está relacionado ao excludente de ilicitude para mulheres vítimas de agressões sexuais. Mas não está diretamente ligado à discussão que o Supremo Tribunal Federal (STF) retomou recentemente, que analisa a possibilidade de descriminalizar o aborto em geral, estabelecendo um limite máximo de tempo de gestação (12 semanas, segundo o voto da relatora Rosa Weber).

Após o voto de Weber, o julgamento foi interrompido devido a um pedido de destaque feito pelo ministro Luís Roberto Barroso. Com isso, a análise da ação, que começou em sessão virtual, será retomada no plenário físico.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link