ACM Negro: a Bahia não merece essa piada. Por Nathalí

Atualizado em 23 de setembro de 2022 às 8:36
ACM Neto – Foto: Reprodução/TV Globo

Por Nathalí

ACM Neto (União Brasil) – ou “ACM Negro”, como vem sendo carinhosamente chamado pelo povo baiano desde a última polêmica na qual se envolveu – tem transparecido estratégias desesperadas (e, por que não dizer, catastróficas) para vencer Jerônimo (PT) na disputa pelo Governo na Bahia este ano.

Primeiro foi a história de se autointitular “Pivete do Calabar”, que passa uma ideia de homem do povo, humilde, favela, correria, que sabe pegar na enxada, etc. etc.

Pra quem não sabe o que é Calabar, deixem-me explicar: é um bairro periférico de Salvador, fica perto da Barra, aquela que tem o cartão postal do Farol e que qualquer soteropolitano sabe que é o antro da burguesia decadente.

O que eu posso dizer sobre o Calabar? Posso dizer que você não deve ir lá à noite.

E que um pivete do Calabar é um pivete safo, que brinca na rua, que conhece os caras, um pivete do contexto – ou seja, tudo que ACM Neto não é, coitado.

Filhinho de papai, nascido e criado em uma família de coronéis, deve ter sido chamado de Parmalat na escola, não sabe como pegar numa enxada e certamente nunca instalou um botijão de gás na vida.

Meu sonho, amigas e amigos, era ver um verdadeiro pivete do Calabar perguntando a Netinho quem ele conhece no bairro.

Como isso nunca vai acontecer, porque ACM Negro nem entra no Calabar, me contento em contar os absurdos que ele vem fazendo porque no fundo sabe que, na Bahia, vai dar PT, como sempre deu.

A última foi fazer bronzeamento artificial – que ele nega, mas baiano não é besta – e se declarar pardo pra botar a mão nas cotas dos candidatos negros.

É, você não leu errado. O cara passa anos abraçando Bolsonaro e falando mal das cotas e no fim vai lá, paga de pardo e mete a mão nas vagas dos cotistas. É de cair o c* da bunda, minhas irmãs.

Na cidade mais negra do mundo fora da África, é claro que ele fez isso pra conseguir mais votos. É mais do que óbvio que ele simplesmente pensa que os baianos são otários.

Quem fez a pergunta certa sobre isso foi Sakamoto: “Por que durante toda sua vida política ele não colocou isso como um dos pontos principais? Por que ele nunca puxou isso? Ele declara isso exatamente em uma campanha eleitoral de um estado com grande quantidade de negros?

Então, pivete do Calabar, por quê?

Por que, antes, não tava na moda ser preto. Por que essa gente quer mais é surfar na crista da onda.

Ao ser explicado por jornalistas que pardos compõem a população negra segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele reagiu: “Então o erro é do IBGE, não é meu. Simplesmente isso”.

Claro, o IBGE está errado, e não o candidato, por não saber o mais básico sobre a divisão de raças no estado que pretende governar. Essa resposta certamente convence ao povo baiano (risos).

O tiro, felizmente, saiu pela culatra. O apelido “ACM Negro” (inventado pelo meu conterrâneo e integrante do Porta dos Fundos João Pimenta) pegou muito e o neto do coronel começou a cair nas pesquisas e virou meme, a ponto de uma jornalista rir ao anunciar o fato.

Eu te entendo, jornalista.

Há coisas tão pitorescas que, nem na bancada de um jornal, é possível não rir.

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