Acusada de usar trabalho escravo, Vinícola Salton teve faturamento recorde em 2022

Atualizado em 1 de março de 2023 às 10:03
Maurício Salton. CEO da vinícola. Foto: Divulgação

Flagrada com trabalho escravo, a vinícola Salton teve faturamento recorde em 2022. Com R$ 500 milhões, foi o maior nos 112 anos de história da empresa. O crescimento foi acima de 10% sobre 2021. Maurício Salton, CEO da vinícola, afirmou que inovações e projetos que estimulam ESG vão levar a empresa a R$ 1 bi até 2030.

“O ano de 2022 trouxe desafios e novas formas de fazer nosso negócio prosperar, com inovações e projetos que nos estimulam, cada vez mais, investir nossos esforços na preservação do meio ambiente, na economia dos nossos recursos e nos cuidados com nossos stakeholders”, disse Maurício à Forbes.

A governança ambiental, social e corporativa, do inglês Environmental, social, and Governance (ESG), surgiu no mercado financeiro como uma forma de medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram nos resultados das empresas.

Em 2022, a vinícola desenvolveu projetos de automatização do campo aos processos produtivos, ciência de dados e fermentação inteligente de espumantes, aplicação exclusiva da família nesse processo. São 1.032 hectares de cultivo de uvas, dos quais 138 próprios e 900 hectares de 300 produtores parceiros.

Foram vendidas 24,5 milhões de garrafas entre espumante, vinho e não alcoólicos. Mais 17,8 milhões de garrafas de destilados. Cerca de um milhão de garrafas foram exportadas para 30 países. O destaque vai para os EUA, mercado do qual a Salton responde por 96% das vendas de espumantes do Brasil. A empresa ainda investiu R$ 15 milhões para ampliar os vinhedos, em inovação e modernização do parque fabril.

A vinícola também é uma das principais responsáveis por distribuir vinho para missas em todo o Brasil. Apesar de representar apenas 1,3% da receita da empresa, o licoroso continua em linha. São distribuídos cerca de 300 mil litros por ano. A empresa detém mais da metade desse mercado no país.

Alojamento dos trabalhadores contratados sob condições análogas à escravidão no RS. Foto: Polícia Federal-RS/Divulgação

Na quarta (22), a Polícia Rodoviária Federal resgatou mais de 200 pessoas em condições análogas à escravidão durante uma operação policial em Bento Gonçalves (RS). Em situação precária de hospedagem, higiene e alimentação, os homens resgatados atuavam, principalmente, na colheita da uva, em propriedades rurais do município.

Trabalhadores relataram que sofriam violência verbal, física, ameaças de morte e eram alimentados com comida estragada. A maioria veio da Bahia com promessas de salários superiores a R$ 3 mil. A empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda mantinha o trabalho escravo e possuía contrato com a Salton.

O aliciador da mão de obra e administrador da empresa Fênix, Pedro Augusto Oliveira de Santana, chegou a ser preso ainda na quarta, mas foi liberado no dia seguinte após pagar fiança de R$ 39.060.

A Salton alega que não tinha conhecimento das irregularidades praticadas pela empresa terceirizada com a qual tinha parceria.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link

Victor Dias, 23. Jornalista. Trabalha no DCM desde 2020. Amante de esportes, política, degustação de comidas, musculação, filmes e series. Gosta de viajar e jogar tênis nas horas vagas, além de editar vídeos e participar de campeonatos competitivos de FIFA, desde 2017.