O advogado Bruno Castro, que defende o ex-policial militar Ronnie Lessa nas investigações sobre o caso Marielle, afirmou que seu cliente nunca falou sobre a possibilidade de fazer delação. Questionado sobre o acordo de colaboração premiada feito com a Polícia Federal, o defensor diz que ainda não conseguiu conversar com ele por conta dos trâmites burocráticos.
“Nesses cinco anos em que acompanho o caso, jamais houve qualquer conversa minha com meu cliente sobre delação. Lá no começo, deixei muito claro para a família que meu escritório, por uma questão de ideologia jurídica, não faz delação premiada”, afirmou em entrevista ao UOL News. Bruno ainda diz que Ronnie “sempre afirmou que não havia sido ele” e, por isso, a possibilidade de delação nunca foi discutida.
“Ele está em um presídio federal e não é simples falar com seu cliente. Creio que só conseguirei conversar com ele depois do Carnaval. Qualquer acordo de delação premiada é feito de forma sigilosa, em autos separados. Nos processos que acompanho, não houve movimentação”, prosseguiu Castro.
O advogado ainda relata que o ex-PM nunca mencionou o nome de Domingos Brazão, apontando como mandante do crime em sua delação. Ele acredita que o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) pode estar sendo citado “para acobertar alguém”.
Nesta terça (23), após ser noticiado que Brazão foi citado na delação de Lessa, o defensor relatou que o cliente já havia dito que “sabia quem tinha matado a Marielle”. “Mas afirmou que, se falasse, a família dele morreria”, contou em entrevista à Folha de S.Paulo.
Assim como Lessa, seu amigo e também ex-PM Élcio Queiroz fechou um acordo de colaboração com a PF no ano passado e trocou de advogado sem comunicar sua defesa original.