Águas contaminadas podem causar surto de dengue e doenças com risco de morte no RS

Atualizado em 7 de maio de 2024 às 7:02
Vista aérea das ruas completamente alagadas no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, na segunda-feira (6). (Foto: Reprodução)

O surto de chuvas no Rio Grande do Sul está causando preocupações significativas em relação à saúde pública. A infectologista Stephanie Scalco alerta para um aumento nos casos de doenças, incluindo leptospirose e dengue, devido ao contato com águas contaminadas e à proliferação de mosquitos. A leptospirose é transmitida pela urina de ratos e, em casos graves, pode ser fatal. Já a dengue tende a se espalhar em áreas com água estagnada.

As chuvas fortes e contínuas resultaram em enchentes que causaram a morte de 85 pessoas até a segunda-feira (6). De acordo com Scalco, as águas das enchentes se misturam ao esgoto, trazendo um alto risco de infecções, como hepatite A, gastroenterite viral e bacteriana, leptospirose e parasitoses intestinais. A infectologista enfatiza que a água dessas inundações contém resíduos fecais e excrementos humanos, tornando-a extremamente perigosa.

“A água tem excrementos humanos, tem resíduos de fezes humanas e não humanas. Então, tudo que pode ser transmitido por meio de esgoto vai estar presente nessa água”, afirma a especialista.

Os riscos de contaminação aumentam com o contato prolongado com a água, especialmente se houver ferimentos abertos ou ingestão acidental. Os sintomas podem surgir rapidamente após a exposição, sendo comuns diarreia, vômito e mal-estar. A leptospirose tem um período de incubação que pode variar entre três e 20 dias, e casos graves podem levar à morte.

“Sempre tem risco de morte essas doenças. Vai depender muito da fragilidade da pessoa que contraiu, então quanto mais doente, mais frágil, [pior]. Idosos, crianças apresentam mais risco de mortalidade, a gente tem aí um percentual considerável de casos de leptospirose que evoluem para forma grave”, disse ao g1.

Minimizar contaminação e uso de antibióticos

Para minimizar o risco de contaminação, a infectologista recomenda evitar o contato com a água das enchentes. Se isso não for possível, ela sugere usar roupas que cubram o corpo, evitar submersão por mais de 15 minutos e não ingerir a água. Se a única fonte de água potável for a das enchentes, ela deve ser fervida antes do consumo. Além disso, é aconselhável o uso de antibióticos, como doxiciclina ou azitromicina, para equipes de resgate e pessoas com exposição prolongada à água.

Sociedade Brasileira de Infectologia

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) emitiu uma nota recomendando o uso de antibióticos para dois grupos específicos: equipes de socorro e voluntários sem proteção adequada, e pessoas expostas à água por longos períodos. Esta intervenção é considerada apenas em situações de alto risco e não é 100% eficaz. A recomendação não inclui gestantes e mulheres que amamentam.

Dengue

As enchentes também trazem preocupações com surtos de dengue. Com água parada, os mosquitos tendem a se reproduzir em grande número, aumentando o risco de transmissão. Segundo a última nota da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a dengue causou a morte de 126 pessoas em 2024 no estado. A especialista alerta que, após o desastre climático, o diagnóstico será desafiador devido à variedade de doenças associadas às enchentes.

As chuvas no Rio Grande do Sul são consideradas o maior desastre climático da história do estado, superando uma grande cheia nos anos 40. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), algumas regiões registraram quase 700 milímetros de chuva em poucos dias. A Defesa Civil relatou 85 mortes e 134 desaparecidos, com cerca de 201,5 mil pessoas fora de casa.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link

Siga nossa nova conta no X, clique neste link

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link