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Ainda há lugar para Ronaldinho Gaúcho?

Sim, mas provavelmente no banco.

Após o acachapante 3X0 contra uma Espanha que voltava da balada, a seleção brasileira, que começou o torneio sob descrédito e críticas duras, terminou vitoriosa (como historicamente o fenômeno se repete – o time de 1970 também saiu debaixo de desconfiança para voltar com o caneco debaixo do braço e, recíproca verdadeira, a escalação mágica de Telê fracassou) e a impressão que se tem é que o time está pronto. Será?

Muito se criticou a não convocação de Ronaldinho Gaúcho. Estará esquecido? Se daqui um ano mantiver o nível de jogo que vem desfilando hoje (e na idade dele isso é uma aposta), não há porque não convocar. Quanto a ser titular, são outros quinhentos.

Ronaldinho Gaúcho se superpõe a Neymar. É penso para o lado esquerdo, onde Neymar joga. “Atrapalha”. Nas oportunidades em que atuaram juntos não funcionou. Congestionou aquele pedaço onde a dupla Marcelo/Neymar têm se saído melhor. Três é demais.

No entanto, um Ronaldinho Gaúcho, ainda que no banco, é um luxo ao qual a seleção pode se dar. Por que não?

De resto, o time foi muito bem e parece 99% definido.

Julio Cesar está na idade da maturidade que a posição exige (e nunca foi um mau goleiro). David Luiz, que embora ontem tenha feito um jogo épico, não tem a simpatia deste colunista. Assim como o lateral Marcelo, o zagueiro tem atuações irregulares na seleção e é problemático disciplinarmente. Adora atravessar o campo e cometer uma falta lá no ataque, retornando para a defesa com um cartão amarelo desnecessário. Marcelo também sofre desse desequilíbrio e num torneio muito mais acirrado como uma Copa do Mundo pode causar problemas. Parecem ter assegurado a vaga mas um psicólogo à bordo vai bem.

Garantidos parecem estar Luiz Gustavo – foi boa surpresa – e Hulk, que de odiado e sempre vaiado injustamente, encaixou-se finalmente no time. Muito eficiente, se não finalizador, foi participativo em boa parte dos gols do Brasil na competição.

De Paulinho não há o que dizer, tornou-se unanimidade, sendo Oscar o que mais deixou a sensação de estar escondendo algo. Espera-se mais daquele que era o dono da camisa 10 até pouco tempo atrás.

No ataque, Fred é hoje o melhor atacante e o que possui mais cacife para vestir a nove. E tem Jô no encalço. Hoje ambos estão matadores. Hoje! Se daqui um ano estarão na mesma boa fase é algo a se considerar. Atacantes são temperamentais e vivem de fases. Quem estiver melhor na época é que deve ir. E Neymar, depois de achincalhado, acho que não preciso mais defendê-lo.

Resumindo, Ronaldinho Gaúcho até pode ir, mas só tem lugar garantido no banco.

Mauro Donato

Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.

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