“Amazônia é terreno privilegiado para enfrentar fascismo”, diz ao DCM prefeito que receberá COP-30 em Belém

Atualizado em 22 de junho de 2023 às 18:37
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL). Foto: Divulgação

O prefeito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues (PSOL), avaliou, em entrevista ao DCM, que a floresta Amazônica é um terreno privilegiado, escolhido pelo presidente Lula (PT) para enfrentar o fascismo no Brasil. A cidade governada pelo psolista foi designada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no final de maio para receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, que acontecerá em 2025.

“Quando Lula anunciou o desejo do governo brasileiro de sediar, na Amazônia, a COP-30, nos sentimos em plenas condições de propor a candidatura de Belém. Nos trouxe uma alegria enorme”, conta Edmilson. “Belém vai sinalizar ao mundo que estamos plenamente conscientes de que defender o meio ambiente é indispensável para viver melhor”.

A COP-30 é o evento mais importante sobre o clima no mundo. A conferência é realizada anualmente por representantes de vários países com objetivo de debater as mudanças climáticas, encontrar soluções para os problemas ambientais que afetam o planeta e negociar acordos. A candidatura de Belém para receber o evento foi apresentada pelo presidente da República logo após as eleições de 2022, quando ele participou da COP-27, no Egito.

“Se todos falavam da Amazônia, por que, então, não fazer a COP num estado da Amazônia, para que eles conheçam o que é? O que são os rios, as florestas, a fauna. O pessoal se prepare porque vai ter gente do mundo inteiro e vão ficar maravilhados com a cidade de Belém”, disse Lula na ocasião.

Estima-se que a capital paraense receberá cerca de 50 mil visitantes para o evento, em novembro de 2025. Edmilson Rodrigues fala em “legado para a cidade” e avalia que “o Brasil, o Estado do Pará e o município de Belém transmitem para o mundo uma mensagem de participação e esperança” ao receberem a COP-30. Confira abaixo a entrevista completa do DCM com o prefeito.

DCM: Como você recebeu a notícia de que Belém será a sede da Conferência do Clima (COP-30) em 2025?

Edmilson Rodrigues: Foi uma alegria enorme. Belém já vem trabalhando seu protagonismo na discussão climática desde 2021, quando a Prefeitura foi parceira do Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas, realizado na nossa cidade, reunindo cientistas e sábios tradicionais em busca de caminhos para deter a destruição da biodiversidade e a consequente crise ambiental. Neste mesmo ano, enviamos um representante oficial a COP de Glasgow e, em 2022, nossa cidade sediou a décima edição do Fórum Social Panamazônico. Então, quando Lula anunciou o desejo do governo brasileiro de sediar, na Amazônia, a COP-30, nos sentimos em plenas condições de propor a candidatura de Belém ao nosso presidente. E é claro que a aceitação da proposta nos trouxe uma alegria enorme. E as cooperações com governo do estado e os ministérios do governo do Brasil já sinalizando com recursos efetivos para realização de obras de infraestrutura em Belém, nos faz pensar que vamos consolidar investimentos, para deixar um legado para a cidade, para os povos da Amazônia urbana, principalmente.

Será a primeira vez em que o principal encontro sobre o clima acontecerá no bioma amazônico. Qual mensagem o Brasil, o estado do Pará e a cidade de Belém transmitem para o mundo ao receber a cúpula?

Uma mensagem de participação e esperança. Ainda neste ano vamos lançar a nossa Conferencia Municipal sobre as Mudanças Climáticas, que será um movimento amplo, envolvendo toda a população de Belém no debate sobre o que são as mudanças climáticas, suas consequências, os efeitos que já hoje se fazem sentir e como enfrentá-las. Ou seja vamos trazer este debate para o cotidiano das pessoas e fazer com que surjam respostas criativas e eficazes. Belém vai sinalizar ao mundo que estamos plenamente conscientes de que defender o meio ambiente é indispensável para viver melhor.

Presidente Lula (PT) anunciou a confirmação de que Belém será sede da COP-30, em 2025. Foto: Reprodução/Agência Belém

O Brasil passou, nos últimos anos, por um período de alta nas taxas de desmatamento e de falta de cuidado com o meio ambiente. Isso está mudando?

Atravessamos o pesadelo fascista e emergimos arrastando um terrível legado de morte e destruição, do qual o genocídio ianomâmi é apenas um exemplo. Fascismo e destruição socioambiental são cara e coroa da mesma moeda. Felizmente, o governo Lula escolheu a Amazônia como um terreno privilegiado para enfrentar a barbárie fascista e isto está se refletindo na queda dos índices de desmatamento e no desmantelamento de muitos garimpos ilegais. Faço votos que continuemos avançando.

O senhor tem dito que a COP-30 transformará a cidade para sempre. Em quais dimensões se dará esse legado?

Em duas dimensões. A primeira, física. São muitas as obras estruturantes para a cidade que começam a ser realizadas. Eles tem a ver com macrodrenagem de áreas alagáveis, recuperação de rios urbanos, revitalização de símbolos de Belém, como os Mercados de São Brás e Ver-O-Peso, construção de terminais portuários e parques ambientais. A segunda dimensão é imaterial. Está ligada à projeção de Belém como uma cidade símbolo da defesa da Amazônia, da sua natureza e de seus povos.

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