Analistas dizem que investimento dos EUA no Fundo Amazônia é um compromisso tímido com o Brasil

Atualizado em 25 de abril de 2023 às 20:07
Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva durante visita do petista aos Estados Unidos. Foto: Reprodução

Analistas de política internacional acreditam que o investimento baixo dos Estados Unidos ao Fundo Amazônia dificulta a aproximação do país com o Brasil. O presidente americano Joe Biden anunciou que vai pedir ao Congresso a destinação de US$ 500 milhões para o fundo, valor que deve ser diluído ao longo de cinco anos.

Para especialistas, o valor é um compromisso tímido dos Estados Unidos diante das expectativas do governo brasileiro. A relação entre os países esteve em crise nos últimos dois anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Apesar da narrativa positiva dos EUA sobre a democracia e a preservação da Amazônia, na hora de assumir um compromisso financeiro, o valor foi muito baixo, o que gerou descontentamento no Planalto”, afirma o cientista político Creomar de Souza, professor da Fundação Dom Cabral e fundador da consultoria política Dharma, à BBC Brasil.

Segundo ele, os Estados Unidos querem que o Brasil assuma uma posição “pró-americana”, mas o país precisa de sinais mais concretos de cooperação, principalmente financeira. O discurso de retomada da proteção ambiental foi um dos pontos importantes na campanha eleitoral de Lula, mas as medidas políticas demandam muito investimento.

“A partir do momento em que fica claro que os EUA, apesar do discurso, não vão assumir compromissos mais concretos, o governo vai procurar em outro lugar — e o destino óbvio é a China. Lula volta de Pequim com 15 acordos que somam US$ 50 bilhões. Não é um resultado ruim em um cenário econômico recessivo. O Brasil queria mais, mas conseguiu algo”, prossegue Souza.

Dawisson Belém-Lopes, professor de política internacional na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), diz que o Brasil não tido tratamento prioritário pelos EUA há alguns anos e que o governo Lula deve ter uma política internacional “pendular”.

“A ideia de que os EUA imaginam que o Brasil já pertence a uma esfera de influência e portanto não valeria a pena mobilizar recursos é algo que faz sentido quando se olha a relação dos EUA com diversos outros países, como por exemplo no norte da África”, avalia.

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