Anfitrião de festa clandestina em SP com piti de modelo bolsonarista escreveu livro contra Lula e a favor da Lava Jato

Atualizado em 12 de julho de 2021 às 11:50
‘Vão tomar no c*, vai pra favela caralho’, diz modelo bolsonarista a PMs em festa clandestina em SP. Foto: Reprodução/Twitter

A festa clandestina que foi encerrada por autoridades sanitárias em São Paulo no último domingo (11) – com direito a piti de uma modelo bolsonarista que xingou e mandou a fiscalização para a favela – ocorreu nas depências do escritório do advogado Adib Abdouni, no Jardim América, bairro nobre da cidade de São Paulo.

O evento contou com a apresentação da dupla sertaneja Matheus e Kauan, e o ingresso chegava a custar R$ 1.600, para homens desacompanhados. O advogado dono do espaço é conhecido amigo da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), que, por sua vez, já foi flagrada – em fevereiro deste ano – sem máscara e sem sapatos em festa irregular comemorativa da eleição do deputado bolsonarista Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara, ocasião em que a parlamentar tentou impedir a filmagem que a flagrou festejando. 

Adib Abdouni, o advogado que recepcionava o evento clandestino encerrado pelas autoridades do Estado de São Paulo, é autor do livro “Operação Lava Lula” – prefaciado pela deputada Joice Hasselmann – e assumido admirador do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da extinta Operação Lava Jato.

Joice Hasselmann confraterniza com Adib Abdouni.
Reprodução/Facebook

Quando o anfitrião da festa high society clandestina deste domingo lançou seu livro, em 30 de setembro de 2016, Joice Hasselmann, que ainda não era deputada, esteve presente na tarde de autógrafos em um luxuoso shopping center paulistano, e fez questão de anunciar em suas redes sociais que era parte do lançamento, conforme se pode ver em postagem da deputada reproduzida abaixo.

Como também se pode notar pela postagem, já em 2016, a então “jornalista” recebia críticas por suas condutas: “Oportunismo neste país anda de mãos dadas com a corrupção!”, comentou um internauta.

Já a mídia comercial brasileira, na época, louvou o lançamento do livro e condenou o ex-presidente Lula antes mesmo da sentença em primeira instância proferida pelo ex-juiz Sergio Moro.

Em entrevista do autor veiculada pelo portal UOL (que pertence à Folha de S.Paulo) e pela TV Bandeirantes na época do lançamento do livro, a jornalista que recebia Adib Abdouni concorda com a afirmação de seu entrevistado, de que “Lula enganou todo mundo”, e afirma, em tom elogioso: “Então, você, que se sentiu revoltado e enganado, escreveu esse livro para denunciar”.

O portal UOL, a TV Bandeirantes, a jornalista e o advogado, assim, anunciaram a suposta culpa de Lula nas acusações do processo relacionado a um apartamento triplex no Guarujá (SP) mais de seis meses antes da sentença de Moro, que, ao fim, foi considerada nula em virtude da suspeição do julgador, comprovada em última instância da Justiça brasileira no dia 23 de junho deste ano.