Após convocação do Itamaraty, embaixador da Hungria silencia sobre abrigo a Bolsonaro

Atualizado em 25 de março de 2024 às 19:45
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban. Foto: Getty Images

O Itamaraty convocou o embaixador da Hungria em Brasília, Miklos Halmai, para se explicar sobre os dias em que escondeu o ex-presidente Jair Bolsonaro na sede do órgão diplomático. Ele foi recebido pela chefe do Ministério das Relações Exteriores que trata da Europa, Luisa Escorel, que criticou sua atuação no episódio. A informação é da coluna de Jamil Chade no UOL.

A reunião com o embaixador durou cerca de 20 minutos e Halmai se manteve em silêncio, apenas ouvindo as reprimendas da diplomata brasileira. A suspeita do Itamaraty é que ele tenha combinado explicações com a defesa do ex-presidente.

Fontes do serviço diplomático brasileiro afirmam que o embaixador é ideologicamente identificado com as posições do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, de extrema-direita e, consequentemente, com Jair Bolsonaro. O premiê do país tem uma relação próxima há anos com o inelegível.

O embaixador da Hungria no Brasil, Miklos Halmai. Foto: Reprodução

A convocação de um embaixador é tida como uma forma de pedir esclarecimentos e mandar uma mensagem ao governo do país estrangeiro sobre uma ação. No caso de Bolsonaro, o governo avalia que o gesto foi uma intromissão em assuntos domésticos, algo proibido nas regras diplomáticas.

Essa não é a primeira vez que Halmai gera uma crise diplomática entre os países nos bastidores. Poucos dias antes da hospedagem de Bolsonaro na embaixada, o Itamaraty já havia feito um alerta a diplomatas húngaros e criticado a intromissão de autoridades de Budapeste em temas de política doméstica.

Na ocasião, em fevereiro, Orban havia feito uma publicação nas redes sociais manifestando apoio a Bolsonaro após ele ser alvo da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que apreendeu seu passaporte. “Um patriota honesto. Continue lutando, senhor presidente”, afirmou o premiê húngaro na data.

Post do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, após operação da PF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Mais cedo, durante evento do PL em São Paulo, Bolsonaro afirmou que faz visitas frequentes a embaixadores “para manter boas relações internacionais”. “Muitas vezes esses chefes de Estado ligam para mim, para que eu possa prestar informações precisas do que acontece em nosso Brasil. Frequento embaixadas também aqui pelo nosso Brasil, converso com os embaixadores”, alegou o ex-presidente.

Após a revelação do episódio pelo New York Times, a Polícia Federal estuda pedir medidas cautelares contra o ex-presidente, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam pedir sua prisão preventiva.

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