O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, resolveu se mexer após as críticas de Guilherme Boulos diante de sua inoperância para lidar com os problemas da cidade.
Saiu pelo caminho mais fácil, isentando-se de responsabilidades e culpando a empresa de energia Enel pelo apagão que deixou mais de 1,6 milhão de pessoas sem luz na capital e na Grande São Paulo após fortes chuvas. Segundo Nunes, quase 20 horas após o temporal, cerca de 960 mil imóveis na capital ainda estavam sem energia. Ele destacou que os problemas foram causados por falhas em 17 estações de transmissão da Enel, fora do município.
A situação também afetou semáforos e causou a queda de centenas de árvores, complicando ainda mais a situação na cidade. De acordo com o prefeito, 168 semáforos continuam sem funcionar, e 386 ocorrências de quedas de árvores foram registradas. Nunes atribuiu a demora na remoção de 60% das árvores à necessidade de desligamento da energia, o que depende diretamente da Enel.
O prefeito afirmou que, diante da gravidade do apagão, entrou em contato com o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa Neto. Segundo Nunes, Feitosa anunciou que abriria um termo de caducidade contra a Enel, considerando as múltiplas multas aplicadas à concessionária desde a crise energética de 2022. A Aneel ainda não comentou o caso, mas informou que exigirá da Enel uma proposta imediata de adequação do serviço.
Durante uma coletiva de imprensa, Nunes também comentou que muitas das árvores que caíram eram saudáveis, mas cederam devido aos ventos intensos de até 89 km/h que atingiram a cidade. O prefeito destacou os esforços de contingência da prefeitura, com mais de 4 mil homens atuando para remover as árvores e restabelecer a normalidade.
Em resposta às críticas, o presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre, afirmou que a empresa está importando equipes de outras regiões, como Rio de Janeiro e Ceará, para acelerar a retomada da energia. Mesmo assim, Lencastre não deu uma previsão exata para a normalização do serviço, mas garantiu que a companhia está trabalhando incansavelmente para resolver a situação.
Além disso, Lencastre apontou que a ventania histórica foi a mais forte desde 1995, com rajadas de até 107,6 km/h, o que afetou 20% da base de clientes da Enel. Até o momento, 1,6 milhão de consumidores ainda estão sem luz, e a empresa intensificou o uso de helicópteros e geradores para atender hospitais e outras instalações críticas.