Após críticas de Boulos, Nunes escapa pela tangente e arranja um culpado pelo caos em SP: a Enel

Atualizado em 12 de outubro de 2024 às 14:56
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), fala sobre as quedas de árvores que ocorrem na cidade durante o temporal deste sábado (12). Foto: Reprodução/TV Globo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, resolveu se mexer após as críticas de Guilherme Boulos diante de sua inoperância para lidar com os problemas da cidade.

Saiu pelo caminho mais fácil, isentando-se de responsabilidades e culpando a empresa de energia Enel pelo apagão que deixou mais de 1,6 milhão de pessoas sem luz na capital e na Grande São Paulo após fortes chuvas. Segundo Nunes, quase 20 horas após o temporal, cerca de 960 mil imóveis na capital ainda estavam sem energia. Ele destacou que os problemas foram causados por falhas em 17 estações de transmissão da Enel, fora do município.

A situação também afetou semáforos e causou a queda de centenas de árvores, complicando ainda mais a situação na cidade. De acordo com o prefeito, 168 semáforos continuam sem funcionar, e 386 ocorrências de quedas de árvores foram registradas. Nunes atribuiu a demora na remoção de 60% das árvores à necessidade de desligamento da energia, o que depende diretamente da Enel.

O prefeito afirmou que, diante da gravidade do apagão, entrou em contato com o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa Neto. Segundo Nunes, Feitosa anunciou que abriria um termo de caducidade contra a Enel, considerando as múltiplas multas aplicadas à concessionária desde a crise energética de 2022. A Aneel ainda não comentou o caso, mas informou que exigirá da Enel uma proposta imediata de adequação do serviço.

De acordo com a Defesa Civil, outras três pessoas ficaram gravemente feridas na tempestade que atingiu o estado nesta sexta-feira (11/10). Foto: Metropóles.

Durante uma coletiva de imprensa, Nunes também comentou que muitas das árvores que caíram eram saudáveis, mas cederam devido aos ventos intensos de até 89 km/h que atingiram a cidade. O prefeito destacou os esforços de contingência da prefeitura, com mais de 4 mil homens atuando para remover as árvores e restabelecer a normalidade.

Em resposta às críticas, o presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre, afirmou que a empresa está importando equipes de outras regiões, como Rio de Janeiro e Ceará, para acelerar a retomada da energia. Mesmo assim, Lencastre não deu uma previsão exata para a normalização do serviço, mas garantiu que a companhia está trabalhando incansavelmente para resolver a situação.

Além disso, Lencastre apontou que a ventania histórica foi a mais forte desde 1995, com rajadas de até 107,6 km/h, o que afetou 20% da base de clientes da Enel. Até o momento, 1,6 milhão de consumidores ainda estão sem luz, e a empresa intensificou o uso de helicópteros e geradores para atender hospitais e outras instalações críticas.