Países membros da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) anunciaram nesta semana que realizarão um corte surpresa na produção de petróleo. Estima-se que a decisão resultará no corte de mais de 1 milhão de barris por dia.
Dentre os países que encabeçam a decisão destaca-se a Arábia Saudita. A medida do reino árabe viria em tentativa de aumentar os preços devido a temores de queda da demanda.
A decisão no entanto, não agradou ao governo dos EUA.
“Não achamos que cortes sejam aconselháveis neste momento, devido à incerteza do mercado, e deixamos isso claro”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA neste domingo (1).
Os cortes seguem uma forte queda nos preços do petróleo no mês passado, após o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), nos EUA, e a aquisição forçada do Credit Suisse pelo UBS, que provocou temores de contágio nos mercados financeiros globais e uma queda significativa na demanda por petróleo.
“A Opep+ fez um corte preventivo para se antecipar a qualquer possível fraqueza da demanda causada pela crise bancária que surgiu”, disse Amrita Sen, diretora de pesquisa da Energy Aspects e especialista do assunto.
Em outubro, a Casa Branca teria acusado a Arábia Saudita de efetivamente se aliar à Rússia quando a Opep+ anunciou pela última vez um corte formal de produção de 2 milhões de barris/dia.
Já pessoas familiarizadas com o pensamento da Arábia Saudita dizem que a medida surge após o anúncio da decisão do governo dos EUA, na semana passada, de ter descartado publicamente novas compras de petróleo para reabastecer o estoque estratégico que foi esgotado no ano passado, quando a Casa Branca se esforçava para conter a inflação.
Helima Croft, chefe de estratégia de commodities da RBC Capital Markets, no entanto, acredita que a ação simbolize a adoção de uma nova estratégia econômica pelo governo da Arábia Saudita.
“É uma política saudita em primeiro lugar. Eles estão fazendo novos amigos, como vimos com a China”, disse Croft, referindo-se a um recente acordo diplomático mediado por Pequim entre a Arábia Saudita e o Irã. O reino estava enviando uma mensagem aos EUA de que “o mundo não é mais unipolar”.
Os cortes voluntários dos membros da Opep+ começarão em maio e durarão até o fim de 2023. O Iraque reduzirá a produção de petróleo em 211 mil barris diários, os Emirados Árabes Unidos, em 144 mil, o Kuait em 128 mil, o Cazaquistão em 78 mil, a Argélia, em 48 mil, e Omã, em 40 mil, conforme declarações dos respectivos governos.