Armínio Fraga começa a escrever sobre desigualdade social na Folha (pode rir). Por Moisés Mendes

Atualizado em 28 de abril de 2019 às 8:13
Arminio Fraga e Aécio Neves com João Doria Jr.

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DO AUTOR.

Li agora a última coluna de André Singer na Folha. O cientista político e ex-porta-voz de Lula deixa de escrever no jornal, e a Folha anuncia a contratação do economista Armínio Fraga.

Que substituição.

Fraga foi presidente do Banco Central do governo de Fernando Henrique. Trabalhou para George Soros, com quem fez fortuna. É sócio da Gávea Investimentos, que administra as fortunas do próprio Fraga e de terceiros.

Fraga é, na essência, um homem que só pensa em mercado e em dinheiro. E sobre o que ele vai escrever na Folha? Pois o jornal informa:

“O economista abordará temas como desigualdade social e de renda no Brasil”.

É como se a Folha tivesse contratado Leonardo Boff para escrever sobre mercado financeiro e especulação.

Tive um acesso de riso (o primeiro deste mês) e derramei meia taça de vinho. Ainda bem que era um vinho meia boca.

A gente querendo que a Folha encontre o Queiroz e o jornal aparece com o Armínio Fraga.

.x.x.x.x.

PS: em sua primeira coluna, ele cumpriu a promessa e escreveu sobre desigualdade social — aproveitou para estocar Dilma Rousseff, de quem era oponente em 2014, como pré-nomeado ministro da Fazenda de Aécio Neves.

Veja dois trechos:

Com frequência se diz que o Brasil é a oitava economia do mundo. Tudo bem, não é de se jogar fora. Mas o que importa mesmo é a renda per capita, e aí caímos para a 75ª posição. Somos um país de renda média e também um dos mais desiguais, atrasado portanto.

(…)

Verdade que desde então avançamos bastante com a estabilização e a mudança de foco do Estado a partir de 1995, mas aos poucos um bom caminho foi sendo abandonado. A partir de 2011, o intervencionismo e a radical perda de disciplina fiscal levaram a um novo colapso. Foi uma volta a erros do passado, amplamente apoiada pelo andar de cima.