Publicado originalmente no blog do autor
Dá pra imaginar uma cena com o calhorda que faz festa, não usa máscara, aglomera-se nas ruas e não quer saber se vai infectar pais, avós, irmãos e amigos.
A desculpa desse calhorda é a de que ele está cansado de meses de restrições e isolamento. O calhorda se comporta como se fosse uma vítima das providências contra a pandemia.
Pois a cena imaginada seria esta. O calhorda negacionista seria infectado, iria procurar socorro em algum hospital e seria mandado embora da portaria.
O calhorda ouviria que médicos, enfermeiras e todos os profissionais da saúde do hospital não poderiam atendê-lo porque estavam cansados.
Admito que gostaria de ver essa cena. Confesso minha crueldade natalina.
Admito que a pena para os delitos do calhorda deveria ser uma situação que confrontasse seu ‘cansaço’ com a exaustão dos profissionais da saúde.
O calhorda sabe que isso não irá acontecer. Ele sempre terá alguém pronto a socorrê-lo.
Daqui a pouco ele sai para mais uma festa. O calhorda festeiro, mas ‘cansado”, é um criminoso convencido da própria impunidade e certo de que, quando precisar, será socorrido.
Por isso há tantos calhordas cansados.