Áudio de Cid será usado por investigados pela PF para anulação de provas

Atualizado em 22 de março de 2024 às 14:28
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Foto: reprodução

Os áudios vazados de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), têm gerado um impacto significativo nos círculos jurídicos que envolvem investigados sobre a falsificação de comprovantes da vacina, o desvio das joias presidenciais e a trama golpista ao fim das eleições de 2022.

Segundo a coluna de Bela Megale no jornal O Globo, advogados que representam os investigados nos inquéritos em que Cid é delator planejam usar as gravações para questionar a autenticidade e credibilidade de seus depoimentos à Polícia Federal.

Três advogados, que defendem alvos das operações relacionadas à tentativa de golpe, afirmaram ao Globo que planejam incorporar os áudios à estratégia de defesa de seus clientes. Essa abordagem pretende contestar a voluntariedade das declarações prestadas por Cid, independentemente da possível rescisão de seu acordo de delação premiada.

Nas gravações reveladas pela revista Veja, Cid critica a Polícia Federal sugerindo ter sido pressionado durante seu interrogatório para confirmar uma hipótese já preparada pela corporação.

“Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu?”, disse Cid em um dos áudios.

Por outro lado, membros da PF enxergam o vazamento dos áudios como uma tentativa de anular as provas coletadas durante as operações que envolvem Bolsonaro, membros de seu governo e militares. No entanto, os investigadores sustentam que existem provas além dos relatos de Cid que fundamentam os relatórios sobre os casos apurados.

As gravações divulgadas revelam as alegações de Cid de que teria sido pressionado a fornecer informações em sua colaboração premiada sobre fatos que, segundo ele, não ocorreram ou dos quais não tinha conhecimento. Além disso, ele criticou duramente o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, sugerindo que o magistrado age com autoritarismo.

“Eles são a lei agora. A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, disse Cid.

Na tarde desta sexta-feira (22), o tenente-coronel tem uma audiência com um juiz do gabinete de Moraes, onde será decidido se seu acordo de delação será mantido ou rescindido. A rescisão do acordo pode acarretar em sua volta à prisão, conforme especulado pelos juristas e analistas jurídicos.

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