
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, deu uma forte resposta às ameaças de Bolsonaro.
Ele realizou um pronunciamento, na manhã desta quinta-feira (9), sobre os atos golpistas de 7 de setembro.
Um dos ministros do STF mais atacados por Bolsonaro, Barroso reformulou um dos principais lemas do presidente, que na verdade é um versículo da Bíblia.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, diz João 8:32.
Mas Barroso corrigiu: “O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: ‘conhecereis a mentira, e a mentira te aprisionará’.”
O ministro ainda criticou a insistência de Bolsonaro em relação ao voto impresso e à contagem pública de votos.
“Contagem pública manual de votos é como abandonar o computador e regredir não à máquina de escrever, mas à caneta tinteiro. É retorno ao tempo da fraude e manipulação. Se tentam invadir o STF e o Congresso, imagine o que fariam com as seções eleitorais”, afirmou.
E ainda deu uma tirada: “Para maus perdedores, não há remédio na farmacologia jurídica”
Barroso também respondeu às declarações de Bolsonaro insinuando que ele pressionou a Câmara a rejeitar o voto impresso.
“É uma covardia atacar a Justiça Eleitoral por falta de coragem de atacar o Congresso Nacional, que é quem decide a matéria”, disse.
O presidente do TSE também se disse cansado de precisar desmentir as fake news de Bolsonaro.
“Já começa a ficar cansativo ter que desmentir falsidades para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela se tornou verdade.”
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Fux citou crime de responsabilidade de Bolsonaro e avisou: “Ninguém fechará esta Corte”
O presidente do STF, ministro Luiz Fux, afirmou que Bolsonaro é “falso profeta” e que cometeu crime de responsabilidade, passível de impeachment, ao endossar protestos golpistas de 7 de setembro.
Sem citar Bolsonaro, Luiz Fux afirmou que discurso contra ordem democrática de qualquer chefe de Poder é atentato à democracia e crime de responsabilidade. “Ninguém fechará essa corte. Manteremos de pé com suor e coragem”, disse ele.
“Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa do Chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além de representar atentado à democracia, configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional”.
Segundo Fux, “um ambiente político maduro, questionamentos às decisões judiciais devem ser realizados não através da desobediência, não através da desordem, e não através do caos provocado, mas decerto pelos recursos, que são as vias processuais próprias”.