Responsável por liderar uma comitiva que representou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma viagem a Arábia Saudita, o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, não mencionou nenhum presente do governo saudita em seu relatório de viagem.
A informação é do Metrópoles, que solicitou ao Ministério de Minas e Energia os documentos referentes à comitiva presidencial que foi ao país árabe em outubro de 2021. A informação foi obtida através da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Em depoimento à Polícia Federal (PF), no último dia 14, Albuquerque afirmou que as joias eram um presente para o Estado brasileiro.
A pasta forneceu dois relatórios, além do escrito pelo então ministro. Há, ainda, o documento feito pelo militar Marcos André dos Santos Soeiro, assessor do ministro flagrado pela Receita Federal portando um estojo de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, e o registro do diplomata Christian Vargas.
A única menção às joias é feita por Soeiro, que citou as peças somente porque perdeu o voo em decorrência da fiscalização da Receita que apreendeu os objetos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
“No dia 26, regressei ao Brasil, chegando na cidade do Rio de Janeiro no dia 27/10/2021, em razão de inspeção da Receita dos itens ofertados ao Estado brasileiro pelo Reino Saudita, a qual impossibilitou o meu embarque no voo originalmente adquirido”, escreveu o militar.
Os outros dois integrantes da comitiva chegaram a seus destinos um dia antes, em 26 de outubro de 2021.
Ainda em março, após a revelação das joias, Christian Vargas negou ter trazido qualquer presente pessoal para Jair Bolsonaro. “Minhas funções eram estritamente de assessoramento político-diplomático e não incluíam aspectos logísticos e de protocolo, como troca de presentes, que ficavam a cargo do ajudante de ordens do ministro [Bento Albuquerque, titular da pasta sob Bolsonaro]”, alegou o diplomata, em nota.
Até agora, foi revelado que Bolsonaro recebeu pelo menos três conjuntos de joias do país árabe: o primeiro a ser revelado foi uma coleção feminina, o segundo trata-se de um grupo de joias masculinas.
O terceiro conjunto foi recebido, pelo próprio ex-presidente, durante viagem em outubro de 2019. A confirmação veio da defesa de Bolsonaro: “Os bens foram devidamente registrados, catalogados e incluídos no acervo da Presidência da República conforme legislação em vigor”.