Bia Doria, que ataca o Padre Júlio, gosta tanto de Miami que usou Lei Rouanet para fazer exposição lá

Atualizado em 20 de março de 2021 às 9:59
Bia Dória em seu atelier no Itaim, zona Sul de São Paulo (Foto: Rodrigo Dionisio)

Bia Doria resolveu atacar o Padre Júlio Lancelotti por fazer o que ela não faz: trabalhar. E pelos pobres.

A primeira-dama de São Paulo odeia os humildes e, por extensão, quem lhes estende a mão.

É a voz da elite brasileira e o alter ego do marido.

“Tira um prato de comida do padre Júlio Lancellotti para ver como ele grita. Agora pergunta quantas pessoas ele tira da rua? As pessoas precisam voltar para a sociedade, as pessoas precisam tirar da cabeça esse assistencialismo”, disse ela.

O religioso respondeu na lata.

“Eu perguntaria com todo respeito à senhora Bia Doria: quantos empregos a senhora oferece? Quantas casas estão disponíveis pelo estado para locação social? Quantas mulheres com crianças tem local para ficar e recebem proteção social?”, rebateu.

A resposta é zero. Niente. Nada. Zip.

A população de rua cresceu 53% nos últimos quatro anos, de acordo com a prefeitura, mas o PSDB não tem nada com isso, evidentemente.

Em agosto do ano passado, ela reclamou dos “preguiçosos que a gente sabe, mas a gente não pode falar, tem que só ajudar.”

Raiva pura. Repulsão.

Na entrevista ao Uol, Bia defendeu o passeio a Miami do casal no fim do ano, em plena segunda onda da covid-19, porque o coitado estava estressado.

“Não, não me arrependo e quero que ele faça de novo. Ele tem que ter a cabeça lúcida para tomar decisões”, alega.

Cabeça lúcida lhe faz falta e então ela vai Miami. Já captou cerca de R$ 400 mil via Lei Rouanet para uma exposição no balneário da Flórida em dezembro de 2014.

Conseguiu autorização para arrecadar até R$ 1,79 milhão para esse projeto, mas levantou 22% disso.

Segundo dados do Ministério da Cultura, produziu uma exposição para “divulgar a arte sustentável brasileira”. A proposta previa uma primeira mostra em galerias locais de uma praça pública de Miami.

A maior parte do dinheiro veio da maior produtora de cigarros brasileira, a Souza Cruz (R$ 300 mil) e o restante da Weg Equipamentos Eletrônicos S/A.

Além da exposição em Miami, Bia Doria obteve aprovação de outros R$ 1,7 milhão para mais três “projetos culturais” via Lei Rouanet, dois deles livros sobre suas próprias obras e um para uma exposição em Roma.

Roma e Miami têm pobres nas ruas, mas eles usam roupas importadas.

Para os de São Paulo, o ideal é esse povo feio e vagabundo desaparecer.

Se tiver uma pandemia para ajudar a matar, melhor.