O relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu pagamentos de R$ 5 mil a R$ 20 mil de 19 pessoas e empresas. Entre elas, estão o locutor de rodeios Cuiabano Lima, o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Admar Gonzaga Neto e o empresário Marcos Ermírio de Moraes, herdeiro do Grupo Votorantim.
Conforme a Folha de S.Paulo revelou, o documento indicou que o ex-mandatário recebeu R$ 17,2 milhões em transferências via Pix, no período de 1º de janeiro e 4 de julho. O Coaf sugeriu relação desse montante com a vaquinha aberta no mês passado para o pagamento de multas dele com a Justiça.
De acordo com o conselho, foram 769 mil transações desse tipo na conta bancária de Bolsonaro nesse período. Porém, o relatório cita apenas os nomes dos 20 maiores doadores e não esclarece se todos os pagamentos foram realizados via Pix ou transferência bancária.
Admar Gonzaga Neto, que já foi advogado de Bolsonaro, fez uma transferência de R$ 5 mil para a conta do ex-mandatário. Ele alegou que quis ajudar o político a “pagar a multa relacionada ao uso da máscara”. “Lamentável é o vazamento de dados financeiros para a imprensa. Vocês obtiveram autorização judicial? Estamos vivenciando uma inquisição moderna”, reclamou ele.
O bilionário Marcos Ermínio de Moraes, que transferiu R$ 10 mil, também se mostrou chateado. “O que essa informação acrescenta na vida de nós brasileiros? Nada né, então bom fds [final de semana]”, respondeu, ao ser procurado pela Folha.
O Grupo Votorantim, por sua vez, disse que “embora membro integrante da família controladora, [Marcos Ermírio de Moraes] não possui nenhum cargo, tampouco participa, direta ou indiretamente, dos negócios das empresas controladas pela Votorantim S.A” e que não “não possui representantes de quaisquer de suas empresas envolvidas em esferas políticas”.
Já o locutor Cuiabano Lima, que também repassou R$ 10 mil, foi um dos principais articuladores de Jair Bolsonaro junto aos cantores sertanejo e chegou a fazer campanhas publicitárias para a Caixa Econômica Federal durante o mandato do ex-presidente, mas não se manifestou sobre a transferência até o momento.
Nesta sexta-feira (28), a defesa de Bolsonaro afirmou que a divulgação dos pagamentos “consiste em insólita, inaceitável e criminosa violação de sigilo bancário, espécie, da qual é gênero, o direito à intimidade, protegido pela Constituição Federal no capítulo das garantias individuais do cidadão”.
Além disso, os advogados disseram que os valores repassados via Pix “são provenientes de milhares de doações” realizadas por apoiadores. “Tendo, portanto, origem absolutamente lícita”, completaram eles.