O bate cabeças na Faria Lima e a disputa de agendas. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 4 de setembro de 2021 às 17:21
Presidente Jair Bolsonaro. Foto: AFP/Arquivos

A sucessão de manifestos do grande capital infunde uma qualidade nova à conjuntura. Setores distintos, mas interseccionados do poder de fato – alta finança e produção – batem cabeças por perceberem que o bolsonarismo começa a ficar disfuncional para o nobre ofício de amealhar dinheiro grosso.

AS DIVISÕES NO INTERIOR da base de apoio a Bolsonaro no andar de cima podem explicar a virulência ampliada com que este se colocou na cena pública nos últimos dias. Até aqui, o boçal teve sucesso em empurrar a crise com o gogó e impor sua agenda ao país.

No entanto, a ameaça de virar o jogo está perdendo efeito entre os donos da grana, que tendem a desembarcar do apoio até aqui dado ao Planalto. O comportamento da grande mídia expressa isso. Restarão as falanges hidrófobas nos aparatos de segurança, nas igrejas neopentecostais e nas milícias.

Nosso problema imediato – forças progressistas – é estarmos entrando de gaiatos na lógica de combate que Bolsonaro pretende estabelecer, ao toparmos o jogo miúdo de comparar os tamanhos das manifestações do dia 7. Nessa agenda, ele venceu.

O que mais o autor diz sobre o bolsonarismo

BOLSONARO TEM, segundo as pesquisas, entre 12% a 15% da população como seu núcleo duro e militante. Não será difícil levar entre 100 e 200 mil à Paulista ou à Esplanada. Os próprios organizadores das correntes democráticas – num sincericídio comovente – admitem pela mídia que a extrema-direita colocará mais gente nas vias públicas. Paciência, não há como reverter agora.

O grande capital busca fugir dessa armadilha de comparações concomitantes e cria pauta própria. Organiza uma marcha para o dia 12. A partir daí o cenário pode ficar mais claro.

OS ENDINHEIRADOS E SEUS PARTIDOS têm pressa em definir o nome da terceira via o quanto antes, para poder fixá-lo com vistas às eleições. Utilizarão todos as telas e decibeis a sua disposição nos meios de comunicação e terão Lula como alvo prioritário. O timing é decisivo. Por isso, o movimento de aproximação das diversas falanges da Faria Lima com a direita liberal tem de ser rápido.

Começa a se delinear na conjuntura que o ato decisivo pode não se dar em 7 de setembro, mas no dia 12. Será a primeira manifestação de massas desses setores em São Paulo, com amplo apoio das máquinas da prefeitura e do governo do estado. É bem possível que Doria se faça presente. A decisão se dará levando-se em conta a quantidade de gente presente.

É a partir daquela data que o quadro político começará a ficar mais definido quanto ao reposicionamento de forças e formação de alianças.

Publicado originalmente no perfil do autor

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