Bolsonarista agride eleitora de Lula em Angra dos Reis: “Vai apanhar que nem homem”

Atualizado em 24 de setembro de 2022 às 7:37
Mulher agredida por bolsonarista deitada em maca com cabeça cortada
Estefane de Oliveira Laudano após ser agredida – Reprodução

A jovem Estefane de Oliveira Laudano, de 19 anos, foi agredida em um bar de Angra dos Reis após tecer algumas críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) durante uma conversa com amigos. De acordo com testemunhas, outro cliente do local não gostou dos comentários e saiu em defesa do atual chefe do governo, dando início a uma discussão e sendo expulso do estabelecimento. Posteriormente, porém, ele voltou com um pedaço de madeira e atingiu a cabeça da adolescente. “Vai apanhar que nem homem”, teria dito ele, se dirigindo ao grupo.

“Estávamos conversando e eu vi o status de um amigo numa rede social, que dizia: ‘Minha bandeira é verde e amarela’. Embaixo, menor, completava com um ‘mas meu voto é 13’, só que na hora eu não notei, então comentei com a minha irmã, brincando: ‘Ué, gente, ele vota no Bolsonaro? Não tenho amigo bolsonarista não’. Nesse momento, esse homem, que eu nunca vi na vida, já se intrometeu dizendo que era Bolsonaro, perguntando qual era o problema. Respondi que nenhum, que ele estava no direito, mas que ninguém havia falado com ele”, contou, ao jornal O Globo, Esther de Oliveira Laudano, de 24 anos, irmã da vítima.

Esther relata que o agressor parecia alterado, como se estivesse embriagado, e continuou gritando e a dona do bar pediu que ele se retirasse. “Ele me chamou de ‘maria-homem’ e disse que era ‘gente que nem a gente que vota no Lula’. Depois, foi embora, mas não demorou para voltar com esse pedaço de madeira. Começou a berrar que, ‘se eu era homem, então iria apanhar que nem homem’. Eu parei na frente dele e falei: ‘Então bate'”, lembrou ela.

Foi nessa hora que Estefane teria entrado no meio da discussão para afastar o agressor, que revidou e a atingiu na cabeça com a quina de um pedaço de madeira, que fez um corte. “Minha primeira reação foi partir pra cima dele, dando uns socos, mas quando olhei para trás vi minha irmã no chão, toda cheia de sangue, pedindo ajuda. Ela não conseguia se mexer, só tremia e gritava. Era uma imagem horrível”, lamentou Esther.

Estefane foi levada por um amigo para a Santa Casa de Angra dos Reis após a confusão, que aconteceu por volta das 16h no Centro de Angra dos Reis. Depois, ela foi transferida para o Hospital Municipal da Japuíba, na mesma cidade, onde levou sete pontos na região do corte e permanece internada, com quadro estável.

A irmã da vítima conseguiu localizar dois policiais militares que fizeram ronda na região e encontraram o agressor em uma rua próxima de onde tudo aconteceu, ainda com sangue de Estefane nas mãos e no rosto, após ser contido por moradores.

Tanto o homem quanto as testemunhas foram levados para a 166ª DP (Angra dos Reis), onde ele foi autuado em flagrante por lesão corporal. Segundo o delegado Vilson de Almeida Silva, titular da unidade, ele responderá em liberdade por se tratar de um crime de menor potencial. Esther e outras duas amigas que presenciaram a cena já prestaram depoimento, mas o agressor, que não teve a identidade divulgada, preferiu não dar declarações neste primeiro momento e permaneceu em silêncio.

“Por ora, ainda temos alguns pontos contraditórios, mas estamos apurando. Aparentemente, houve algumas declarações favoráveis ao candidato do PT, e ele teria reagido e discutido por conta dessa questão política, culminando na agressão”, afirmou o delegado.

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