Bolsonarista que chamou policial de “macaco” foi até o DCM com taco de beisebol e ameaçou advogado

Atualizado em 21 de dezembro de 2024 às 11:18
Maria Cristina de Araújo Rocha, de 77 anos, presa na porta da casa do presidente Lula em SP e na manifestação de 2020, na Avenida Paulista.

A bolsonarista Maria Cristina de Araújo Rocha, presa após chamar um policial negro de “macaco” em frente à casa do presidente Lula (PT), para onde levou uma coroa de flores, já fez ameaças ao DCM, assediou nosso advogado pelo telefone e foi até a antiga sede do site em outubro de 2021.

Na época, a extremista havia acabado de perder um processo contra nós por causa de uma reportagem que a retratatava como “a fascista do taco de beisebol”, depois que ela ameaçou manifestantes na Avenida Paulista com essa arma branca que continha a inscrição “Rivotril”. Maria Cristina ficou contrariada com um perfil em que sua filha contava quem ela era.

A idosa foi até a porta da empresa atrás de nossos jornalistas, não encontrou ninguém lá e telefonou para nosso advogado, Francisco Ramos. “Eu quero encontrar com vocês pessoalmente, porque telefone é pra covarde”, disse a mulher na ligação, enfurecida.

“Vocês são a pior mídia que existe no planeta. É uma cambada de gente caluniadora, sem vergonha, imoral, filha da p***”, acrescentou, aos gritos.

Francisco explicou que era advogado, e não jornalista, mas a mulher pareceu não entender. “Então você é o tal do jornalista? Vocês são bandidos”, disse ela. Ouça:

Pensionista do Exército por ser filha de oficial e sedizente amiga do general Villas Bôas, a bolsonarista parecia frustrada com a derrota para o DCM na Justiça.

Na matéria que incentivou o processo, a filha de Cristina revelava, entre outras coisas, que ela nunca foi filha de general, como alegava, mas de coronel forçado ao exílio na França após aparecer com camiseta de Che Guevara no início dos anos 70. Maria Cristina sustentava, no processo, que o DCM causou danos à sua imagem.

Contudo, segundo nosso advogado, Francisco Ramos, “quem o fez foi a própria demandante se lançando à mídia com posicionamentos políticos polêmicos e, com isso, sujeitando-se não apenas às críticas jornalísticas, bem como aos esclarecimentos que precisou conferir junto à Delegacia de Polícia”.

De acordo com a decisão do juiz Luís Eduardo Scarabelli, “pode-se afirmar que o exercício da atividade de imprensa não transbordou dos limites da liberdade de expressão, direito fundamental assegurado constitucionalmente, como já dito”.

Maria Cristina de Araújo Rocha com figuras conhecidas da extrema-direita, como Fernando Holiday (dir.), Carla Zambelli (centro) e Kim Kataguiri (esq.)