Bolsonaro ameaça os pilares da democracia, diz Human Rights Watch

Atualizado em 15 de setembro de 2021 às 7:24
Jair Bolsonaro em carro de som no ato golpista da Av. Paulista
Jair Bolsonaro em carro de som no ato golpista da Av. Paulista. Foto: Paulo Lopes/AFP

Para a ONG Human Rights Watch (HRW), Jair Bolsonaro ameaça os pilares da democracia brasileira. O grupo destaca que o presidente tentou intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF) e tem ameaçado impedir as eleições de 2022. O relatório cita ainda uma série de bravatas golpistas e ataques à Corte.

A ONG aponta que os discursos fazem parte de padrão de ações para enfraquecer os direitos fundamentais e as instituições democráticas do país. Diretor da HRW, José Miguel Vivanco diz que Bolsonaro é “um apologista da ditadura militar” e “está cada vez mais hostil ao sistema democrático de freios e contrapesos”.

No relatório, ele prossegue: “Ele está usando uma mistura de insultos e ameaças para intimidar a Suprema Corte, responsável por conduzir as investigações sobre sua conduta, e com suas alegações infundadas de fraude eleitoral parece estar preparando as bases para tentar cancelar as eleições do próximo anos ou contestar a decisão da população se não for eleito”.

O documento elenca as fake news do presidente sobre fraude nas urnas e menciona inquéritos que relacionam o presidente a casos de corrupção na compra de vacinas.

“As ameaças do presidente Bolsonaro de cancelar as eleições e agir fora da Constituição em resposta às investigações contra ele são imprudentes e perigosas. A comunidade internacional deve mandar uma mensagem clara ao presidente Bolsonaro de que a independência do Judiciário significa que os tribunais não estão sujeitos as suas ordens”, diz Vivanco.

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ONG já denunciou que Bolsonaro por sabotar medidas contra pandemia

No início deste ano, a ONG divulgou relatório acusando o presidente de sabotar medidas de saúde pública para combater a pandemia. Segundo o relatório, o STF, o Congresso e governadores adotaram as medidas restritivas apesar da resistência do mandatário.

A organização também lembrou que ele “tem enfraquecido a fiscalização ambiental, na prática dando sinal verde às redes criminosas envolvidas no desmatamento ilegal na Amazônia”.