Bolsonaro e seus seguidores são pervertidos, não loucos. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 14 de abril de 2020 às 14:51
Bolsonaro e seus seguidores na Paulista: pervertidos

No vídeo abaixo, o ator Benvindo Sequeira, um excelente cronistas destes tempos obscuros, disseca Bolsonaro e bolsonarismo. Durante a live, ele formula uma frase que é precisa: “Todo fascista é um pervertido”.

É uma definição muito melhor do que a de Merval Pereira sobre Jair Bolsonaro, publicada hoje em sua coluna no jornal O Globo. Para ele, Bolsonaro é simplesmente um “presidente louco”, no sentido clínico.

Benvindo faz uma comparação histórica para justificar a formulação de que todo fascista é um pervertido. Durante a Guerra Civil Espanhola, o general Millán-Astray, apoiador do ditador Franco, confrontou o reitor da Universidade de Salamanca, o filósofo Miguel de Unamuno, com a frase:

“Abajo la inteligencia, vive la muerte!”

Millán-Astray era mutilado de guerra e nem por isso menos cruel.

Nos dias de hoje, com exceção do jeito manso, estaria para Franco assim como Villas Boas, ex-comandante do Exército, padrinho político de Bolsonaro, está para o atual presidente do Brasil.

Foi superior hierárquico de Franco e, depois, ajudou o antigo subordinado a tomar o poder na Espanha.

Enquanto Villas Boas, hoje com uma doença degenerativa terminal, vê em Bolsonaro um homem bom, Millán-Astray tentava convencer seus contemporâneos de que o ditador espanhol era um agente da vontade de Deus.

Era, obviamente, um pervertido, tanto quanto estes brasileiros que celebram a morte na carreata que culminou com uma dança macabra na avenida Paulista e se tornaram o único grupo humano a protestar em favor da pandemia.

Replicam o líder, que já defendeu a morte de 30 mil brasileiros e defendeu a tortura em entrevista, além de usar a tribuna da Câmara para enaltecer grupos de extermínio e o torturador-mor do Brasil, coronel Ustra.

Não há loucura em Bolsonaro, há perversão, falta de empatia com o semelhante.

São exatamente assim seus seguidores. A preocupação deles não é com a dificuldade econômica que todos enfrentaremos neste período. Eles são apologistas do caos, para quem a vida do outro é insignificante.

Alimentam-se do ódio, embriagam-se da própria bile.

Falta-lhes inteligência, obviamente. Mas, para eles, a inteligência humana é algo sem valor. Por isso, negam a ciência e odeiam os que buscam conhecimento.

Como dizia o ancestral bolsominion da Espanha:

“Vive la muerte”.

Millán-Astray está sepultado em um túmulo com o epitáfio:

“Por Deus e pela Pátria”.

Não é mera coincidência que Bolsonaro e os bolsonaristas vomitem Deus e se tratem como patriotas.

Todo fascista é um pervertido.