A confusão envolvendo a partida entre Brasil e Argentina terá sequelas. Além da esfera esportiva, a política também trará consequências para o Governo Federal. Isso porque Bolsonaro não gostou nada de ver que o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, deu entrevista ao vivo para a Globo.
Atores políticos do governo confirmaram ao DCM a informação. Segundo eles, Bolsonaro entrou em contato com diversas pessoas para saber ‘quem autorizou o presidente da Anvisa a falar com a Globo’. Inclusive, o Ministro das Comunicações, Fabio Faria, teve de tentar apagar o incêndio para evitar maiores rusgas. Ele teria ligado para Bolsonaro e explicado que a Anvisa tem independência funcional, ou seja, não precisa de autorização para falar.
Mas nada disso foi suficiente para acalmar a fera. Bolsonaro queria a todo custo falar diretamente com Antônio Barra Torres para dizer que se sentiu desafiado pela entrevista. Isso porque o próprio presidente tentava ajustar a situação e garantir a continuidade da partida. Na visão dele, a atitude dos técnicos da agência teria inviabilizado uma solução diplomática.
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Bolsonaro nervoso
O presidente ficou ainda mais tenso ao saber que até seu ministro pareceu desautorizá-lo. Enquanto ele discordava da atitude e considerava radical, o caminho oficial era outro. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, soltou nota apoiando a decisão da Anvisa e lembrando que houve desobediência sanitária.
Mesmo assim, o que mais incomodou Bolsonaro nem foi a decisão em si, mas a entrevista para a Globo. Para ele, o diretor da Agência deveria ter deixado atores políticos falarem e para outros veículos. A estratégia era que ministros dessem entrevista para o Domingo Espetacular, da Record, depois que a poeira baixasse. Horas depois, seria mais fácil verificar como a militância se comportaria e aí, qual seria a versão oficial.
Anvisa na Globo
Nos bastidores, sabe-se, porém, que o presidente da Anvisa falou de propósito com a Globo. A intenção foi impedir duas atitudes antagônicas que poderiam ser tomadas pelo Governo Federal. A primeira é a crítica pública aos agentes, o que poderia gerar outra crise institucional. A segunda é o governo se apropriar de um trabalho técnico e gerar briga política em torno do acontecimento.
Uma fonte confirmou ao DCM que nem a direção da Globo esperava a entrevista e que o contato aconteceu para entender o que acontecia. Um funcionário explicou que a emissora entrou em contato de forma digitial e houve surpresa quando Antônio Barra aceitou entrar ao vivo. A partir daí, houve correria para que ninguém do governo impedisse a entrevista. Bolsonaro não gostou nada.