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Bolsonaro gravou a reunião para imitar Nixon e ouvir de novo sua bela voz? Por Moisés Mendes

Reunião golpista com a cúpula do governo Bolsonaro. Reprodução

Está consagrada, por depoimentos de assessores e de quem o conhecia de perto, a versão segundo a qual Richard Nixon gravava as reuniões na Casa Branca para poder ouvir de novo a própria voz e se envaidecer com a capacidade de se impor diante dos interlocutores.

Acabou oferecendo provas, no escândalo de Watergate, que levaram à sua renúncia em 1974. Bolsonaro, que produziu contra si provas gravadas do golpe, também queria ouvir a própria voz?

A voz de Nixon era potente, de locutor. A voz de Bolsonaro é uma voz sem força, bem comum, de “uma porr* de deputado” sem expressão, como ele mesmo se define.

Mas quem filmou a reunião que, como o próprio Bolsonaro revela aos ministros, deveria gravar apenas sua fala?

Por que Braga Netto responde rápido com um não, diante da pergunta do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, se o encontro estava sendo gravado?

Por que Bolsonaro faz logo a ressalva, enquanto Braga Netto faz um não com a mão? “Eu mandei gravar a minha fala”, disse Bolsonaro.

Por que gravar só a fala dele? E as falas dos outros foram gravadas sem sua ordem? Por que Braga diz uma coisa e Bolsonaro complementa com outra?

Mauro Cid, com quem o vídeo foi encontrado, num computador da sua casa, teria gravado a reunião ou mandado alguém gravar?

Nixon e Bolsonaro e outros tantos que produziram provas de seus crimes só gravaram suas falas porque o medo de serem desmascarados era menor do que a certeza de que nunca seriam flagrados.

Bolsonaro e Nixon queriam documentos de suas falas criminosas. Porque a vida continuaria e eles se imaginavam impunes e por muito tempo no poder.

Além de Wagner Rosário, quantos outros dos que estavam na sala se preocuparam com os riscos da gravação? Eram 29 pessoas na mesa com Bolsonaro.

Aparecem na imagem, no entorno, em pé ou sentadas, pelo menos mais 14 pessoas, além das que podem estar fora do alcance da câmera.

Dos 29 que estavam na mesa, nove pediram a palavra, ou seja, a grande maioria não abriu a boca. Vinte autoridades do primeiro escalão ficaram caladas.

Calaram por não ter o que dizer ou por temer o que Anderson Torres disse em certo momento, que no fim “todos vão se f*der”? Todos os que estavam em volta de Bolsonaro tramando o golpe.

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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/

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Moisés Mendes

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