Bolsonaro já não tem força nem para tossir. Por Moisés Mendes

Atualizado em 25 de setembro de 2021 às 18:14
Foto: Reprodução

Essa é a apavorante e famosa foto das tossidas de Bolsonaro ao discursar na carroceria de uma caminhonete em Brasília. Foi no dia 19 de abril de 2020, diante do QG do Exército.

Aquela foi considerada a manifestação que inaugura os blefes do golpe, só interrompidos este ano depois dos atos de 7 de setembro, quando Bolsonaro pede perdão a Alexandre de Moraes e se acovarda.

Muita gente diz que aí, e não muito tempo depois, Bolsonaro estava infectado. A voz não tinha força, ele tossia muito e chegou a fazer um sinal para quem estava ao lado de que iria descer e encerrar a fala, porque não segurava a tosse.

Bolsonaro deu 10 tossidas no discurso em que fez as primeiras ameaças, ainda com indiretas, aos adversários e ao Supremo, diante de um público que pedia AI-5, intervenção militar e fechamento do STF. E tudo na frente do Quartel-general dos militares.

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Bolsonaro disse:

“Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder”.

Também foi essa a primeira grande aglomeração depois do início da pandemia. O estado geral de Bolsonaro, a expressão de cansaço do rosto e a tosse levaram jornalistas à conclusão de que o sujeito estava com a Covid-19.

Mas Bolsonaro só foi admitir que havia sido infectado em agosto de 2021. Por que esconderam o contágio de abril? Porque o homem havia se aglomerado com muitos seguidores na véspera e voltaria a conviver, sem máscara, com militantes dias depois.

Era preciso esconder que, mesmo com tosse, ele tinha andado sem máscara em aglomerações, possivelmente infectado. Se estava com os sintomas, não deveria ter saído de casa.

Mas quem vai exigir algum cuidado do líder do negacionismo? Agora, dizem que o contágio de Eduardo Bolsonaro é uma farsa, porque seria parte da estratégia de desmoralização das vacinas.

Marcelo Queiroga é vacinado, e também são imunizados Eduardo e a ministra Tereza Cristina.

Dudu pega carona na onda de contágios no governo para aparecer como mais um vacinado que adoeceu.

O próprio Bolsonaro já insinuou em Nova York que Queiroga pegou Covid porque a vacina não funciona. Ele, sem vacina, está aí gordo e corado.

Agora ficamos sabendo que uma desembargadora do Tribunal de Justiça fluminense concedeu liminar para permitir que os associados possam frequentar o Clube Militar e o Clube Naval do Rio sem comprovarem que foram imunizados.

Eles não precisam do tal passaporte da vacina, determinado pela prefeitura para quem circula em clubes, cinemas, academias, museus e todos os espaços fechados, menos bares e restaurantes.

A liminar solicitada significa que a vacina é sabotada até por generais de pijama. São pessoas de idade, com boa formação, que não querem ser imunizadas.

Então, pode fazer sentido essa história de que um Bolsonaro agora chega a simular contágio para poder conspirar contra a vacina. Tudo com um Bolsonaro faz sentido.

O povo brasileiro deseja mais a vacina do que a elite, inclusive a militar. Boa parte da elite brasileira queria o golpe, mas não dá mais para continuar blefando.

Na entrevista à Veja, o sujeito admitiu que o golpe foi uma ilusão de quem não tinha lastro nem liderança para seguir em frente. Hoje, Bolsonaro não tem força mais nem para tossir como tossia lá em abril de 2020.

(Texto originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES)