Bolsonaro, que perdoou o Holocausto, citava sem parar o bisavô que foi “soldado de Hitler”

Atualizado em 17 de janeiro de 2020 às 18:52

Jair Bolsonaro tem um passivo com relação ao nazismo.

Num evento com evangélicos no Planato, o sujeito se orgulhou de uma das frases mais imbecis jamais proferidas sob aquele teto — e olha que a briga é feia.

“Fui, mais uma vez, ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer”, assinalou.

A plateia de sicofantas irrompeu em aplausos.

Desde que se tornou fã de carteirinha de Israel e Netanyahu, Jair parou de falar de um parente que, segundo ele, formou nas fileiras da Wehrmacht, a “máquina de guerra” de Hitler na Segunda Guerra Mundial.

Miguel Enríquez contou a história no DCM:

Numa sessão especial da Câmara dos Deputados, realizada em novembro de 2014, em homenagem aos 70 anos do desembarque da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, o então deputado pelo PP, um dos sete partidos em que militou nos últimos 30 anos, Bolsonaro se superou. (…)

“Agradeço, então, ao povo americano por não estar falando alemão. Apesar de meu bisavô ser alemão e ter sido soldado de Hitler. Ele não tinha opção: era ser soldado ou paredão. Graças a Deus ele perdeu a guerra. Mas ele me contou muitas histórias que eu não vou falar aqui agora.”

Na gravação de uma entrevista para o programa CCQ, da TV Bandeirantes, Bolsonaro, depois de admitir que poderia ter servido no exército nazista, reiterou. “Meu bisavô foi soldado de Hitler e perdeu um braço na guerra”, afirmou.

De acordo com a Wikipedia, o  bisavô de Bolsonaro, que se chamava Carl Hintze, nasceu na Alemanha, por volta de 1876, e chegou ao Brasil em 1883, anda criança, cinco décadas antes da Segunda Guerra Mundial.

Em 1939, quando o conflito começou, Carl tinha nada menos que 63 anos, uma idade um tanto provecta e pouco plausível para a convocação de um soldado, convenhamos. (…)

Além disso, não há nenhuma evidência de que o bisa, falecido em 1969, em Campinas, tenha deixado o Brasil nesse período.

Bolsonaro precisa explicar aos amigos judeus por que insistiu nessa cascata.

Nos lapsos, mentiras e chistes há palavras que tropeçam e palavras que confessam.

E não precisa ser sob tortura.