“Vamos perder dinheiro salvando as pequenas”: como e por que Bolsonaro traiu os microempresários

Atualizado em 7 de janeiro de 2022 às 10:01
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo

Convenhamos que é preciso reconhecer: Bolsonaro é um sujeito original, que nunca enganou ninguém. Se otários votaram nele em 2018 é porque são apenas otários, e nada mais.

Vejamos o balão que o mandatário deu nos micro e pequenos empresários nesta sexta, 7.

Depois de afirmar o contrário, criando expectativa no setor, vetou o PLP (projeto de lei complementar) 46/21, que estabelece um novo programa de parcelamento de dívidas de micro e pequenas empresas participantes do Simples Nacional.

Leia mais

1. PT quer lançar candidatura Lula no aniversário do partido em Belo Horizonte

2. Joaquim Barbosa despreza Moro e sugere ‘plano b’ para evitar fiasco

3. Bolsonaristas raiz abandonam governo em busca de uma 4ª via extremista pra valer

É um programa que permitiria a renegociação de R$ 50 bilhões em dívidas. Mas novamente ele não cumpriu o combinado, deixando os  microempresários na chuva.

Alguém tinha dúvida de que Bolsonaro iria roer a corda?

Se tinha, basta recorrer ao ideário econômico de Paulo Guedes.

“O governo vai perder dinheiro salvando as pequenininhas”, disse o ministro da Economia, em plena pandemia, numa reunião ministerial que ficou famosa por desnudar o tom discriminatório e aloprado do governo.

Na pandemia, o governo liberou US$ 2 bilhões a menos de crédito para pequenas e médias empresas – lembrando que elas são responsáveis por 55% dos empregos no Brasil e por 27% do PIB.

Foram US$ 5 bilhões em 2020 ante US$ 7 bilhões aplicados no ano anterior.

“Vai ganhar dinheiro usando recursos públicos para salvar grandes companhias”, disse Guedes. “Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”.

Disse e fez.

O sistema financeiro (bancos) recebeu, durante o mesmo período, R$ 1,2 trilhão do governo, 240 vezes mais que o valor concedido às empresas. Dinheiro destinado a poucos bancos em detrimento de milhões de brasileiros e, consequentemente, na ajuda à manutenção do emprego dessas pessoas.

Uma das reclamações frequentes dos membros do Centrão na Câmara dos deputados é que Bolsonaro não cumpre acordo. “Ele falar e nada é a mesma coisa”, diz um correligionário do mandatário, sob a condição de anonimato.

Os pequenos e médios empresários, que votaram em massa no sujeito em 2018, acreditando no seu discurso neoliberal, sentem na pele o que os deputados aliados já perceberam há um bom tempo: o compromisso de Jair não é com o empreendedor. O compromisso dele é com os ricos.

Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link