Convenhamos que é preciso reconhecer: Bolsonaro é um sujeito original, que nunca enganou ninguém. Se otários votaram nele em 2018 é porque são apenas otários, e nada mais.
Vejamos o balão que o mandatário deu nos micro e pequenos empresários nesta sexta, 7.
Depois de afirmar o contrário, criando expectativa no setor, vetou o PLP (projeto de lei complementar) 46/21, que estabelece um novo programa de parcelamento de dívidas de micro e pequenas empresas participantes do Simples Nacional.
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É um programa que permitiria a renegociação de R$ 50 bilhões em dívidas. Mas novamente ele não cumpriu o combinado, deixando os microempresários na chuva.
Alguém tinha dúvida de que Bolsonaro iria roer a corda?
Se tinha, basta recorrer ao ideário econômico de Paulo Guedes.
“O governo vai perder dinheiro salvando as pequenininhas”, disse o ministro da Economia, em plena pandemia, numa reunião ministerial que ficou famosa por desnudar o tom discriminatório e aloprado do governo.
Na pandemia, o governo liberou US$ 2 bilhões a menos de crédito para pequenas e médias empresas – lembrando que elas são responsáveis por 55% dos empregos no Brasil e por 27% do PIB.
Foram US$ 5 bilhões em 2020 ante US$ 7 bilhões aplicados no ano anterior.
“Vai ganhar dinheiro usando recursos públicos para salvar grandes companhias”, disse Guedes. “Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”.
Disse e fez.
O sistema financeiro (bancos) recebeu, durante o mesmo período, R$ 1,2 trilhão do governo, 240 vezes mais que o valor concedido às empresas. Dinheiro destinado a poucos bancos em detrimento de milhões de brasileiros e, consequentemente, na ajuda à manutenção do emprego dessas pessoas.
Uma das reclamações frequentes dos membros do Centrão na Câmara dos deputados é que Bolsonaro não cumpre acordo. “Ele falar e nada é a mesma coisa”, diz um correligionário do mandatário, sob a condição de anonimato.
Os pequenos e médios empresários, que votaram em massa no sujeito em 2018, acreditando no seu discurso neoliberal, sentem na pele o que os deputados aliados já perceberam há um bom tempo: o compromisso de Jair não é com o empreendedor. O compromisso dele é com os ricos.