Bolsonaro tomba e Mourão corre pra se apropriar da trincheira. Por Moisés Mendes

Atualizado em 25 de novembro de 2022 às 8:07
Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão. Foto: Reprodução/Evaristo Sá/AFP

Por Moisés Mendes

Com o tenente Bolsonaro baleado e quase fora de combate e com o golpe virando meme, o general Hamilton Mourão vai ocupando o vácuo e passa a reger a extrema direita.

É Mourão, que terá ainda mais poder com um mandato de senador a partir de janeiro, quem começa a dizer o que Bolsonaro não consegue mais falar nem entre eles.

Esse é o tom do que o general escreveu nas redes sociais na quinta-feira:

“Hoje, rumamos para o precipício. Assim, é chegada a hora da direita conservadora se organizar para combater a esquerda revolucionária. Necessário é reagir com firmeza, prudência e conhecimento; dentro dos ditames democráticos e constitucionais, para restabelecer o Estado Democrático de Direito no Brasil”.

É guerra declarada à esquerda revolucionária que atraiu para o projeto vermelho de Lula nomes como Geraldo Alckmin, Pérsio Arida, Pedro Malan e outros perigosos economistas, empresários e políticos vermelhos disfarçados de liberais.

Mourão já definiu os atos golpistas na frente dos quartéis como “catarse coletiva”. Uma catarse que tenta viabilizar contatos imediatos com extraterrestres via celular.

O general foi o vice que, para não ter por perto em outras áreas, Bolsonaro empurrou para uma tarefa ingrata. Cuidar, como presidente do Conselho Nacional da Amazônia, de uma região tomada por bandidos miúdos e graúdos.

Fracassou como gestor político das forças que deveriam defender a maior floresta tropical do mundo, mas se elegeu senador vencendo Olívio Dutra.

Não é pouca coisa. Nos últimos dias, Mourão percebeu que Bolsonaro se fragilizou com a derrota. E passou a falar em voz alta.

Não para defender o derrotado, mas para se posicionar melhor, como nome nacional, num espaço tomado por manés regionais e pelo que existe de mais medíocre no golpismo.

Bolsonaro tentará reaparecer num ato público sábado em cerimônia na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), no Rio.

É ali que os patriotas têm se reunido desde a derrota. Bolsonaro voltará cercado de militares e tentará fazer uma aglomeração com muito barulho, para sobreviver até a posse de Lula.

Mas o problema dele agora deixa de ser o combate a Lula e passa a ser a resistência ao avanço de aliados no espaço que ele deixou ao se enclausurar no Alvorada.

Mourão é um concorrente forte ao espólio que Bolsonaro larga na estrada, aparentemente já sem forças para reagir.

O evento de sábado no Rio pode indicar o que ele ainda é capaz de fazer ou pode ser sua performance derradeira.

Originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES

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