‘Brasil tem repulsa de imigrantes negros’: socióloga comenta assassinato de Moïse

Atualizado em 7 de fevereiro de 2022 às 10:58
O jovem congolês Moïse Kabamgabe
O jovem congolês Moïse Kabamgabe – Foto: Reprodução

A jornalista Victoria Damasceno entrevistou a socióloga Vilma Reis na Folha de S.Paulo. Ela falou sobre racismo e xenofobia no episódio do assassinato do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24, espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

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O que disse a socióloga comenta sobre o assassinato de Moïse

Por que nós podemos associar o assassinato do Moïse ao racismo? 

É muito importante a gente pensar uma primeira questão: como o Brasil trata as relações que a sociedade brasileira desenvolve com os imigrantes brancos, ricos, europeus e norte-americanos, e a relação que historicamente o Brasil tem desenvolvido com os africanos e mais recentemente com os latino-americanos, indígenas, pobres, haitianos e outros.

Tem sido uma relação de rechaço, de repulsa. Um país que se vangloria tanto de ser aberto e comunicativo, o Brasil tem tido uma postura racista, criminalizadora e repulsiva com os imigrantes pobres. E pela história que está colocada para nós, são os nossos irmãos africanos: angolanos, congoleses e nigerianos.

Então você concorda com a tese de que a receptividade dos brasileiros é direcionada para imigrantes brancos? 

Sim, porque é um comportamento das elites econômicas e políticas do país, e isso se reflete na população de forma muito absurda, principalmente nos segmentos médios da sociedade.

A classe média tem um olhar voltado para: “Ah, temos que visitar a Europa central”, os países do norte ocidental. Sempre que se pensa em um intercâmbio, se pensa na Austrália, na Nova Zelândia, nos Estados Unidos, na Inglaterra. Tem tantos países no mundo que falam inglês como a Nigéria, mas esse não é o lugar. Isso treina todo o país para uma xenofobia em relação aos imigrantes empobrecidos, quando nós deveríamos ter uma postura de solidariedade e ajuda humanitária de forma permanente.

Podemos então dizer que a xenofobia no Brasil é indissociável do racismo? 

Ela é indissociável do racismo”.

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