Campanha de Bolsonaro recebeu R$ 600 mil de uma pirâmide financeira, diz vítima

Atualizado em 13 de setembro de 2023 às 1:03
Jair Bolsonaro com expressão preocupada
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Sérgio Lima

Nesta terça-feira (12), Matheus de Abreu, criador do “grupo Valquíria”, que investiga uma suposta pirâmide financeira da empresa Atlas Quantum, afirmou em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 600 mil para sua campanha presidencial de 2018 de pessoas ligadas à empresa.

“O que me chamou muita atenção é a doação de R$ 600 mil para Jair Messias Bolsonaro através de advogados e pessoas ligadas à Atlas Quantum”, disse ele, à CPI sobre pirâmides financeiras com criptoativos.

Perguntado pelo deputado doutor Francisco Costa (PT-PI), ele alegou que as doações ocorreram entre 2018 e 2019 e que não sabe se foram registradas.

Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro declarou apenas R$ 4,4 milhões em receitas na eleição de 2018, mas nenhum dos doadores diretos contribuiu com R$ 600 mil.

O político recebeu R$ 3,7 milhões por financiamento coletivo (o site do TSE está apresentado uma falha e não permite neste momento ver o nome de quem contribuiu).

De acordo com o Valor, do jornal O Globo, Abreu prometeu entregar os documentos com as provas à CPI, mas ainda não deu detalhes sobre os doadores. Ele depôs na condição de convocado, por conta de um requerimento de um parlamentar do Partido Liberal, o deputado Luciano Vieira (RJ).

Matheus disse que recebeu as informações da ex-diretora da Atlas, Caroline de Almeida Costa, e da ex-esposa do dono da empresa, Beatriz Marques.

O deputado Alfredo Gaspar (União-AL) cobrou que ele revelasse os nomes dos políticos envolvidos, mas ele disse que “as provas são as conversas com a ex-diretora da Atlas Quantum e a ex-mulher do Rodrigo Marques [dono da Atlas Quantum]”.

Já o presidente da CPI, deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), pontuou que a acusação é séria e lembrou o depoente de que ele era obrigado a falar a verdade: “Você está na condição de vítima, mas isto não te exime de dizer a verdade”.

Matheus de Abreu alega que é uma vítima do esquema e que perdeu todo o seu dinheiro com a Atlas Quantum, o que o teria motivado a investigar a empresa junto com outras pessoas, mas que as denúncias à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal não avançaram.

Vinicius Poit falando e gesticulando, de perfil
Vinicius Poit também foi citado por Matheus de Abreu – Reprodução

“Somente depois de muitas idas e horas de conversas com Beatriz, a mesma informou que talvez poderia saber o motivo dessa morosidade e falta de empenho das autoridades. Os envolvidos no golpe da Atlas Quantum fizeram doações milionárias para campanhas eleitorais, incluindo para campanhas de eleições presidenciais”, explicou, ainda sugerindo que os parlamentares convoquem Beatriz para checar esses dados.

De acordo com Abreu, a ex-diretora Caroline disse que “na última conversa que teve com Rodrigo Marques” ele afirmou que a instauração da CPI o faria “procurar as personalidades que receberam para cobrar as doações feitas, pois as doações não foram feitas sem objetivo” e também propôs a convocação dela.

Além de Jair Bolsonaro, ele mencionou que o ex-deputado Vinícius Poit (Novo-SP) e o deputado estadual pelo Rio Grande do Sul Fábio Ostermann (Novo) receberam doações de pessoas ligadas à empresa, mas não especificou quem são.

Ele citou que o diretor de relações institucionais da Atlas é Felipe Melo França, que trabalhou para diversos deputados, dentre eles, Poit.

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