Publicado originalmente no Facebook do autor
Dois dias depois do debate em que Bolsonaro foi acusado de misoginia ao atacar a jornalista Vera Magalhães, cerca de 60 mulheres evangélicas, entre cantoras, pastoras e esposas de pastores se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
O encontro foi organizado pela primeira-dama Michelle, que atua na campanha à reeleição na tentativa de conquistar o voto feminino para o seu marido. Algumas dessas cantoras que hoje apoiam o atual presidente, referindo-se ao PT como partido das trevas, também se reuniram com a então presidente Dilma Rousseff durante sua gestão.
A apóstola Valnice Milhomes, conhecida por já haver profetizado e errado a data da volta de Jesus, disse no encontro que Deus já teria falado com ela que as trevas não voltariam a governar o país.
A cantora Cassiane referindo-se ao atual governo, citou uma passagem bíblica que diz que quando o justo governa, o povo se alegra, mas quando o injusto governa, o povo geme.
Pergunto-me se ela e suas colegas não teriam ouvido os gemidos das mais de 680 mil vítimas fatais da COVID-19. A propósito, como essas mesmas cantoras que tanto carinho demonstraram a Dilma, podem hoje apoiar o homem que desejou que ela morresse de infarto ou câncer.
Pergunto-me se a cantora Eyshila, que tem um filho homossexual, não se sente constrangida em apoiar uma candidatura de alguém assumiu ser homofóbico. Será que as queridas cantoras e pastoras não percebem que estão sendo usadas para conquistar o voto da parcela da sociedade que tem maior rejeição ao atual governo?
Peço a Deus que elas acordem a tempo. Que vozes que adoram ao Senhor jamais sejam usadas para enaltecer quem louva a memória de torturadores como Ustra que colocava ratos e dava choques na genitália de mulheres.