Carta de presidiário faz Justiça absolver homem que havia sido condenado por engano

Atualizado em 16 de abril de 2023 às 12:20
A carta escrita pelo detento que ajudou a provar inocência de homem. Foto: Nugri Campos/Arquivo pessoal

Um interno do Centro de Detenção Provisória de São José do Rio Preto (SP) escreveu uma carta à mão que ajudou a provar a inocência de um homem condenado a sete anos de prisão por um roubo que não cometeu. O presidiário relatou conhecer os verdadeiros ladrões que praticaram o crime que fez a vida do analista de pricing Vinicius Villas Boas, de 37 anos, virar de cabeça para baixo e ser preso injustamente.

Vinicius sempre negou o crime, recorreu em todas as instâncias, mas mesmo assim foi encarcerado no CDP de Rio Preto, no interior de São Paulo. Ele foi confundido com um dos criminosos que praticou um roubo a uma residência em 2016. Enquanto esteve preso de forma injusta, Vinicius conheceu um homem que afirmou conhecer os verdadeiros praticantes do roubo.

Com a carta escrita pelo detento, onde ele conta a história do crime em questão, a Justiça reavaliou a sentença de Vinicius e o absolveu. A decisão de que o analista é completamente inocente foi publicada no dia 21 de março. “A absolvição foi a melhor vitória da minha vida. Carregar a fama de ladrão me atrapalhou muito”, diz Vinicius, emocionado.

Vinicius Villas Boas, de 37 anos, é inocente. Ele foi vítima de uma injustiça e condenado por um roubo que não cometeu. Foto: Vinicius Villas Boas /Arquivo pessoal

Em 2013, Vinicius e a esposa grávida decidiram sair de São Paulo para montar uma pizzaria em Mendonça (SP), município com cinco mil habitantes. Após trabalhar por dois anos como pintor para completar a renda, já que o empreendimento ainda não havia sido inaugurado, o analista de pricing foi surpreendido com um mandado de prisão. A casa dele chegou a ser revistada por policiais, com o intuito de apreender eletrodomésticos.

Vinicius foi encaminhado para a delegacia e apresentado como suspeito de roubar uma casa. Além disso, também foi acusado de participar de furto em outra residência. No boletim de ocorrência, a vítima do roubo descreveu que, em fevereiro de 2016, quatro homens invadiram a casa dela e roubaram mais de R$ 1 mil, além de um celular, uma corrente de ouro e dois frascos de perfumes, avaliados em R$ 1,4 mil.

O advogado do analista explica que a aparência de Vinicius não batia sequer com a descrição inicialmente fornecida pela vítima. De acordo com o processo, no BO, a vítima relatou que o criminoso era um indivíduo forte, pardo e com cabelo “tigelinha”. Já Vinicius é negro e, na época do crime, era obeso e tinha o cabelo raspado.

“Falava para o meu filho que estava trabalhando quando estava preso. Até hoje, quando saio de casa, ele pergunta: ‘você vai voltar, né, pai?”‘, conta Vinicius.

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