Caso Marielle gera crise entre o MP do RJ e PF; entenda as razões

Atualizado em 29 de março de 2024 às 0:04
Marielle Franco posando para foto com expressão séria, perto de plantas
Marielle Franco foi assassinada há seis anos – Reprodução

O recente relatório abrangente da Polícia Federal, com quase 500 páginas, mergulha fundo nas investigações em andamento do Caso Marielle, revelando detalhes que até então estavam sob sigilo no Ministério Público estadual. Essas revelações, segundo promotores e procuradores consultados, levantam questões sérias sobre a parceria institucional, sugerindo ou descuido ou deslealdade, ambas preocupantes para a cooperação entre as entidades.

O Ministério Público destaca que duas investigações sensíveis relacionadas à suposta formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro estão em curso, com o Delegado de Polícia Rivaldo Barbosa entre os investigados. Essas investigações confidenciais foram compartilhadas com a Polícia Federal no contexto do caso Marielle e Anderson, com base em um acordo de cooperação técnica entre as instituições.

O motivo desse compartilhamento, embora não diretamente vinculado ao caso Marielle e Anderson, foi a menção ao nome do delegado Rivaldo por parte do colaborador Ronnie Lessa.

De acordo com o g1, enquanto houve cooperação entre o Ministério Público e a Polícia Federal, o relatório sugere que o MP atrapalhou as investigações ao se opor à federalização, uma afirmação que é contrariada pelo fato de que foi o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que recusou a federalização.

Mulher de camisa em homenagem a Marielle e Anderson, perto de foto da ex-vereadora
Investigações do caso Marielle e Anderson perduram até hoje – Reprodução/Agência Brasil

É importante destacar que foram duas promotoras do Ministério Público Estadual, Simone Silibilo e Letícia Emile, que lideraram o trabalho que levou Ronnie Lessa ao banco dos réus. O relatório da Polícia Federal reconhece o mérito do MP na obtenção de delações, mas também levanta questões sobre a cooperação entre as instituições, citando três líderes do Ministério Público Estadual sem fazer acusações diretas.

Essa falta de acusação direta e a ausência de pedidos de aprofundamento nas investigações criam um clima propício para a destruição de reputações, em vez de contribuir para esclarecer quem está contribuindo para resolver o caso. O controle externo das investigações cabe ao Ministério Público, mas a insinuação feita pela Polícia Federal sem acusações concretas não contribui para a solução do caso.

Enquanto o Ministério Público defendia a estratégia de ouvir os envolvidos antes de prendê-los, a Polícia Federal optou por seguir seu próprio caminho, lançando suspeitas sobre parte do Ministério Público. Essa dinâmica coloca em xeque a parceria técnica entre as duas instituições, gerando uma crise institucional que precisa ser abordada com urgência para evitar danos adicionais à investigação do Caso Marielle e Anderson.

Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link