Celso Amorim diz que ação de Bolsonaro com joias é “totalmente condenável”

Atualizado em 4 de setembro de 2023 às 18:06
Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República. Foto: reprodução

O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, disse que ficou surpreso quando soube das joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e considerou que esses presentes não são comuns no âmbito diplomático.

“Nunca vi nada aproximado [com essas joias]”, declarou em entrevista ao UOL. Amorim ainda ressaltou que o que aconteceu é “totalmente condenável” e deve ser investigado, além de ser passível de punição. O diplomata destacou que há regras claras sobre o que fazer com os presentes concedidos no cenário diplomático.

Para o assessor da PR, a situação não apenas viola a lei, mas também vai contra o bom senso. Ele exemplificou: “Tem coisas que não se chegou a legislar porque não precisou. Mas não é preciso que haja uma lei me proibindo de levar para casa os meus instrumentos de trabalho. O fato de ser guardado pessoalmente não é correto, vendido então… parece paroxismo”.

Em novos prints divulgados pela Polícia Federal sobre a conversa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, com o advogado Fábio Wajngarten, pelo WhatsApp, Cid assumiu que o fato das joias sauditas terem entrado clandestinamente no país, escondidas em uma mochila, “foi o grande problema”.

Kit de joias de aliados de Bolsonaro tentaram vender em leilão. Foto: Reprodução

O Kit Rose Gold, que incluía um relógio da marca Chopard, teria entrado clandestinamente no Brasil em outubro de 2021, por meio de um assessor do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Além disso, recentemente, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se vitimizou, revelando ter enfrentado um período de depressão durante o governo de seu marido. Ela falou dessa experiência durante um evento do PL Mulher, onde destacou os desafios enfrentados devido aos ataques da mídia. Mas, no mesmo evento, ela tratou o assunto com ironia, ao dizer que faria o lançamento de sua nova marca: a “Mijoias”.

Após depoimentos à Polícia Federal (PF) na última quinta-feira (31), a defesa do casal adotou uma nova estratégia, mantendo silêncio durante as oitivas. Essa decisão gerou divergências dentro da equipe de defesa, especialmente em relação ao advogado Frederick Wassef, que, segundo fontes, teria “falado demais” durante o depoimento. Mauro Cid, o general responsável pelo suposto plano de resgate das joias nos Estados Unidos, também se pronunciou, implicando Frederick Wassef na operação.

A tendência agora é que, assim como isolou Mauro Cid nas acusações, o clã bolsonarista passe a jogar a responsabilidade no caso também sobre Wassef, que assumiu ter viajado aos Estados Unidos para recomprar um dos relógios vendidos após a repercussão de objetos trazidos ilegalmente pelo ex-presidente. Apesar de assumir a compra, Wassef negou ter feito isso para “limpar” a imagem de Bolsonaro.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link