Brasil

Chacina promovida pela PM em Guarujá (SP) segue padrão de “operação vingança”

Carros da Rota durante operação policial na favela Canta Galo, no Guarujá (SP). Foto: Reprodução

Estudos brasileiros que investigam a dinâmica das mortes cometidas por policiais já identificaram o funcionamento das chamadas “operações vinganças”. Essas ações são caracterizadas por uma série de mortes cometidas em suposto confrontos após ocorrerem mortes letais contra agentes de segurança pública. Com informações do Estadão.

Neste fim de semana, 14 pessoas foram mortas no Guarujá, litoral de São Paulo, após um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) ser assassinado durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda, na última quinta-feira (27).

O governo de São Paulo defendeu na segunda-feira (31) a legalidade da atuação policial na Baixada Santista, alegando enfrentamento ao crime organizado e resposta proporcional à ameaça de confrontos no local. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que todos os casos serão investigados, mas enfatizou que as operações continuarão.

Moradores e familiares dos mortos relataram indícios de execuções e tortura durante as abordagens policiais, o que o governo nega. As denúncias estão sendo acompanhadas pela Ouvidoria das Políciaspela Comissão de Direitos Humanos da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) e pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).

Policiais da Rota durante operação policial. Foto: Reprodução

Essa situação reflete um padrão conhecido por pesquisadores que estudam a letalidade policial no país: ações com caráter de revanche em reposta à violência praticada contra agentes. Especialistas apontam que esse tipo de ação vai contra o que é previsto legalmente.

Além disso, essas respostas desencadeiam confrontos cada vez mais letais, o que coloca em risco as próprias forças de segurança. Nesta terça-feira (1º), mais dois policiais militares foram baleados em Santos.

O coordenador de Projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques, afirmou que ficou “bastante claro que a polícia estava querendo algum tipo de revanche” no caso de Guarujá.

“É evidente que a gente tem de lamentar muito a morte do policial em serviço. Isso é algo inadmissível. Ele é representante do Estado, foi colocado pela sociedade nessa função, e não podemos esquecer isso”, disse.

“Mas também é importante lembrar que, em um contexto democrático e de uma sociedade que tem um conjunto de leis que balizam a sua própria Justiça, não cabe espaço para ‘operação vingança’ dentro da atuação das forças policiais do Estado”, acrescentou.

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Caroline Saiter

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Caroline Saiter

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