Chilique de Rosângela é retrato da morte política de Moro. Por Fernando Brito

Atualizado em 10 de outubro de 2020 às 22:24

Publicado originalmente no blog do autor

Por Fernando Brito

A “treta” de internet entre Rosângela Moro e seus seguidores em redes sociais, com deboches e xingamentos, não tem, exceto por uma causa, qualquer relevância, é apenas o deprimente desequilíbrio de uma mulher limitada e provinciana com o ostracismo em que se vê subitamente lançada. Se não fosse uma personagem odiosa, até mesmo piedade mereceria por seu destempero.

E a razão porque o ataque de nervos merece atenção é o fato de que este estado de tensão parece se estender ao seu “conje”, como o qual logo partirá para um exílio – dourado, mas exílio – no exterior.

Um projeto cultivado por duas décadas, desde que lhe caiu às mãos o caso Banestado e a possibilidade de construir uma rede de informantes, presa pelo fio de delações premiadas que nem existiam na leia àquela altura, como Alberto Youssef, desmoronou pelo gesto de ambição que empurrou Moro da pedra sólida da magistratura – que, junto com os procuradores da República, forma a última casta acima da lei – para, e a expressão é dele próprio, o pântano da política, onde ele não passava de uma lagartixa, destas que se afasta com um piparote.

Moro encurralou a si mesmo ao crer que era indemissível, pois Jair Bolsonaro não seria louco de entrar em conflito com “Sua Santidade” lavajatista, sem entender que o presidente, desde o início, jogou-lhe o anzol da vaidade e da ambição para anulá-lo.

Deixou que ele se desgastasse sozinho desde a propositura de seu “pacote anticrime”. Embora o pressionasse nas investigações da PF, sabe que deixou Moro “de rabo preso” por não reagir com uma demissão corajosa quando lhe foi pedido interferir em investigações.

Deixou, passivamente, que Bolsonaro se adonasse do controle de armas e da relação com o STF, na qual nunca foi senão uma figura decorativa.

Jamais entendeu que foram seus porcos os que viraram javalis bolsonaristas.

E que Bolsonaro quer para ele, não para Moro, o título de ser o homem que destruiu Lula.

PS. Deixo aos leitores psicólogos e psicanalistas a tarefa de analisar o que significa o fato de Rosângela, por três ou quatro vezes, ter usado a expressão “boleto” ou “pagar meus boletos”. Alguma fonte secou?