O chuveiro grotesco da Havan desvia a atenção do que interessa. Por Moisés Mendes

Atualizado em 23 de dezembro de 2021 às 13:00

Publicado no Blog do Moisés Mendes

Chuveiro da Havan em Florianópolis
Chuveiro da Havan em Florianópolis.
Foto: Divulgação

A grande imprensa está se divertindo com o chuveiro gigante e assustador que Luciano Hang, o véio da Havan, mandou instalar na areia da praia de Canasvieiras, no norte de Florianópolis.

Quem viu de perto conta que é mais grotesco do que as réplicas das estátuas verdes da liberdade que ele espalhou pelo Brasil. Tudo que o véio faz é grotesco.

Ele adora adereços públicos. E quer compartilhar a ideia de que todos estão dentro de uma de suas lojas de quinquilharias chinesas.

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Mas os jornais deveriam discutir coisa mais séria, como a denúncia que o Ministério Público encaminhou ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, com o pedido de suspensão dos direitos políticos do véio por abuso de poder econômico.

Os jornais das corporações não deram uma linha sobre o pedido do MP para que o véio se torne inelegível por oito anos. Não há uma linha no Globo, na Folha ou no Estadão.

Em 11 de novembro do ano passado, em Santa Rosa, o véio atacou as esquerdas e condicionou a abertura de uma filial da sua loja na cidade à eleição do candidato do PP, Anderson Mantei, que acabou sendo eleito.

O MP enquadrou o véio em abuso de poder econômico, por tentar convencer os eleitores a fazerem o que ele pedia, em troca da loja.

O parecer foi enviado ao TRE no último dia 17. Pede a cassação do mandato do prefeito eleito e a realização de novas eleições.

Pois há na longa fala do véio um trecho intrigante, que consta do parecer encaminhado pelo Ministério Público ao Tribunal.

Diz esse trecho da fala do véio, que estava todo de amarelo, ao lado seu jatinho, que ele apresenta como o avião da Havan:

“Não esqueçam o que aconteceu com nosso país, dia 15 vote no Mantei (referindo-se ao candidato do PP) e aí nos próximos meses a Havan tá aqui, tenho certeza disso, porque ainda corre o risco desses vermelhos voltarem e desfazerem tudo”.

Os vermelhos, numa referência evidente ao PT, iriam desfazer tudo o quê? O que o véio teria feito que poderia deixar de existir?

O PT, se elegesse o candidato Orlando Desconsi, poderia mandar destruir a loja? Certamente que não. Poderia fechar a loja? Também não. O que então poderia acontecer?

O que significa mesmo o trecho em que o véio diz que “ainda corre o risco desses vermelhos voltarem e desfazerem tudo”. Ele fez o quê e com quem? Por que o que fez seria desfeito?

É algo a esclarecer no andamento do processo. A expectativa, baseada no que já aconteceu com situações semelhantes, é a de que o véio não escapa.

Se escapar, o TRE estará contrariando seu histórico e a porteira estará aberta para outros casos. Aguardemos o fim do recesso da Justiça.

Enquanto isso, o sujeito e o jornalismo da grande imprensa desviam a atenção de todos para o chuveiro de Canasvieiras.

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