Cid decide confessar e apontará Bolsonaro como mandante no caso das joias

Atualizado em 17 de agosto de 2023 às 21:07
Tenente-coronel Mauro Cid. Foto: Bruno Spada

O tenente-coronel Mauro Cid, que está preso preventivamente há três meses em uma cela do Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, decidiu acabar com o silêncio e irá confessar. A confissão foi confirmada a Veja pelo advogado Cezar Bittencourt, que representa o militar.

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso depois que a Polícia Federal (PF) descobriu que ele falsificou cartões de vacinação dele, de sua família e do próprio ex-mandatário.

As investigações, no entanto, prosseguiram e no telefone do militar foi encontrado o roteiro de um plano golpista para anular o resultado das eleições de 2022. O militar ainda está envolvido no esquema de negociações de joias e presentes que Bolsonaro recebeu de delegações estrangeiras durante o seu mandato.

No caso dos presentes, Cid vai confirmar que participou da venda das joias nos Estados Unidos, providenciou a transferência do dinheiro para o Brasil e o entregou a Bolsonaro — em espécie. Entretanto, o tenente-coronel não vai assumir sozinho a responsabilidade.

Cid vai dizer às autoridades que fez tudo isso cumprindo ordens diretas do então presidente da República, que seria o mandante do esquema.

Mauro Cid e Jair Bolsonaro. Foto: Adriano Machado

“A relação de subordinação na iniciativa privada é uma coisa. O funcionário pode cumprir ou não. No funcionalismo público, é diferente. Em se tratando de um militar, essa subordinação é muito maior”, explicou o advogado de Cid.

Bittencourt afirmou que pretende se reunir com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para tratar da confissão. Segundo o advogado, a confissão servirá de atenuante na hora da definição da pena de seu cliente.

A confissão agravará a situação do ex-presidente, que ainda não aparece como investigado no caso, apesar de a PF sugerir que ele é o beneficiário final do esquema que surrupiou joias do acervo da Presidência da República.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, nega que o ex-presidente tenha se apropriado ou desviado “quaisquer bens públicos”.

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