Cidadãos de países aliados de Israel estão tendo preferência na saída de Gaza

Atualizado em 3 de novembro de 2023 às 17:07

Pelo terceiro dia consecutivo, um grupo de 34 brasileiros, palestinos com residência no Brasil e parentes próximos, estão impedidos de sair da Faixa de Gaza pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito. A situação causa profunda angústia no grupo e obriga o governo brasileiro a intensificar negociações para tentar obter autorização para a saída dos brasileiros.

Nos primeiros três dias de abertura da fronteira, cidadãos de 25 países foram autorizados, em sua grande maioria, americanos. Somente nesta sexta-feira (3), 367 dos 571 autorizados são cidadãos americanos e 127 britânicos. Estados Unidos e Reino Unido, ambos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, são importantes aliados de Israel na guerra contra o Hamas.

O claro privilégio dado a cidadãos americanos, em momentos em que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, faz sua segunda visita a Israel, deixa pouco espaço para outros países. O Brasil, que tem um grupo pequeno esperando nas cidades de Rafah e Khan Younes, vive momentos de frustração.

Já foram liberados cidadãos de 18 países, incluindo Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão, República Checa, Azerbaijão, Barhein, Bélgica, Coréia do Sul, Croácia, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka, Tchade e Alemanha.

Em 1/11 um acordo entre Egito, Israel e o Hamas permitiu a saída de 450 estrangeiros. Brasileiros seguem fora da lista. Foto: Reprodução

As razões da demora na autorização para a saída dos brasileiros não estão claras para o governo brasileiro.

Algumas especulações apontam para uma retaliação ao governo brasileiro por suas posições em votações no Conselho de Segurança da ONU, que foi presidido pelo Brasil no mês de outubro. No entanto, algumas fontes do governo descartam essa hipótese, apontando para a autorização a cidadãos da Indonésia, país que sequer reconhece o Estado de Israel.

O presidente brasileiro, Lula, adotou um tom mais duro com o governo de Israel, que, segundo algumas fontes diplomáticas, teria mais peso na atitude de Israel em relação aos brasileiros do que os posicionamentos do Brasil na ONU.

Lula criticou a contra-ofensiva de Israel em Gaza, afirmando que “não é porque o Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel, que Israel tem que matar milhões de inocentes”. O Brasil, diferentemente de Colômbia e Chile, não convocou seu embaixador em Israel, nem rompeu relações com Israel.

O governo brasileiro continua esperando uma resposta positiva do governo egípcio nos próximos dias.

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