Coletivo judaico lança guia contra as fake news sobre Lula, Bolsonaro, Israel e os judeus

Atualizado em 3 de setembro de 2022 às 9:03
Lula e Alckmin

O Comitê Popular ‘Judias e Judeus por Lula/Alckmin’ preparou um guia contra fake news sobre Lula, Bolsonaro, Israel e os judeus:

1) É MENTIRA que Lula adotou qualquer posicionamento contra Israel.

A VERDADE é que Lula sempre foi bem recebido no país e sempre deixou claro sua defesa da paz e da legitimidade de um Estado israelense e outro, palestino. Lula, inclusive, foi o primeiro presidente brasileiro a visitar Israel.

Fonte: https://pt.org.br/lula-respeitou-palestina-e-foi-aplaudido-de-pe-em-israel/

2) É VERDADE que o Ministro das Relações Exteriores de Netanyahu, Yigal Palmor, chamou o Brasil de “anão diplomático” durante o governo Lula.

CONTEXTUALIZANDO: Em 2014, o Brasil condenou a retaliação desproporcional de Israel a ataques vindos de Gaza. O então chanceler israelense fez essa afirmação, causando grande incômodo no meio político e na sociedade israelense. Imediatamente, o presidente de Israel, Reuven Rivlin, se desculpou com o Brasil.

Fonte: https://epoca.oglobo.globo.com/tempo/noticia/2014/08/bisrael-pede-desculpasb-ao-brasil-por-declaracoes-de-porta- voz.html.

3) É MENTIRA que Lula se negou a visitar o túmulo de Theodor Herzl, em Israel, em 2010.

A VERDADE é: A visita ao túmulo de Herzl não faz parte da agenda de viagens oficiais. Na época, os dois últimos chefes de Estado que haviam passado por Israel antes de Lula (o francês Nicolas Sarkozy e o italiano Silvio Berlusconi), por exemplo, também não visitaram o túmulo do patriarca do sionismo. Lula visitou o túmulo de Yitzhak Rabin e o Yad Vashem, colocando flores em ambos.

Fonte: https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/lula-flores-museu-holocausto

4) É MENTIRA que o Brasil não aceitou a nomeação do embaixador Dani Dayan, indicado pelo então primeiro-ministro Biniamin Netanyahu, em 2016, por inimizade com o Estado de Israel.

A VERDADE é: De acordo com as Convenções de Genebra sobre agentes diplomáticos, Israel deveria ter enviado com antecedência as credenciais de Dani Dayan, o que não ocorreu. Houve, portanto, um lapso diplomático por parte de Israel. Dayan chegou ao Brasil antes das credenciais, o que o Itamarati considerou ser uma quebra do protocolo. Cinco embaixadores israelenses trabalharam normalmente no Brasil durante os governos do PT: Daniel Gazit (2000-2004), Tzipora Rimon (2004-2008), Giora Becher (2008-2011), Raphael Eldad (2011-2014) e Reda Mansour (2014-2015).

Fonte: https://jornalggn.com.br/politica/israel-deu-passo-em-falso-ao-indicar-embaixador-diz-assessor/

5) É MENTIRA que os estatutos do PT não reconhecem o Estado de Israel.

A VERDADE É: Os estatutos do PT não mencionam Israel nem Palestina porque isso não faz sentido para um partido político funcionando no Brasil. O PT reconhece a existência, legitimidade e soberania de Israel, assim como defende o igualmente válido direito à autodeterminação do povo palestino. Inclusive, o próprio Lula diversas vezes já se manifestou a favor da Solução de Dois Estados para Dois Povos.

Fonte1: https://pt.org.br/wp-content/uploads/2018/03/estatuto-pt-2012-versao-final-alterada-junho-2017.pdf
Fonte2: https://oglobo.globo.com/mundo/lula-diz-que-solucao-de-dois-estados-em-israel-plenamente-possivel-3572113

6) É MENTIRA que Lula doou R$ 25 milhões ao grupo Hamas.

A VERDADE É: Em 2010, o Brasil fez parte de um programa global da ONU, no valor de US$ 5,4 bilhões de dólares, de apoio à Autoridade Nacional Palestina. O Brasil doou R$ 25 milhões ao programa, que beneficiou a Autoridade Nacional Palestina, governada pelo partido Fatah, que, ao contrário do Hamas, admite a convivência com lsrael.
O então chanceler brasileiro, Celso Amorim, explicou que a doação era o primeiro grande esforço da comunidade internacional para a normalização da situação humanitária em Gaza.

Fonte: https://g1.globo.com/fato-ou-fake/noticia/2021/05/14/e-fake-que-lula-doou-r-25-milhoes-ao-grupo-hamas.ghtml

7) CONTEXTUALIZANDO A VERDADE:

Lula recebeu o então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que negou publicamente o Holocausto? Sim, Lula o recebeu como parte de seus compromissos enquanto chefe de Estado. Da mesma forma que Israel manteve relações diplomáticas com o Chile do ditador Augusto Pinochet e com a Argentina dos generais. O governo brasileiro afirmava então que isolar o Irã seria menos produtivo e que o melhor caminho era o diálogo. Uma das marcas de Lula foi sempre conversar com todo mundo, sendo o único líder do planeta a ser bem recebido tanto pelo presidente dos Estados Unidos, George Bush quanto pelo venezuelano Hugo Chávez.

Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/lula-mostrei-a-ahmadinejad-que-e-impossivel-negar-holocausto,7a3863 fc8940b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

8) É VERDADE:

Em entrevista concedida ao extinto programa CQC, da TV Bandeirantes, Bolsonaro afirmou que seu bisavô, que era alemão, tinha sido “soldado de Hitler” e “perdido um braço” na guerra.

Carl Hintze, bisavô de Jair Bolsonaro, nascido na cidade alemã de Hamburgo na realidade, chegou ao Brasil com a família em 1883, portanto 55 anos antes do início da Segunda Guerra Mundial. Ele foi vendedor de anúncios e assinaturas do Getulino, um jornal de Campinas.

Fonte: G1 de 28/10/2018

9) É VERDADE:

Em julho de 2021, esteve no Brasil a deputada alemã Beatrix von Storch, vice-presidente do partido de extrema- direita AfD e neta de Ludwig Schwerin von Krosigk, ministro das Finanças do regime nazista de Hitler. Na ocasião, Beatrix foi recebida e posou para foto com Bolsonaro no Palácio do Planalto. Ela também esteve com Eduardo Bolsonaro e com a deputada Bia Kicis (PSL-DF). Beatrix von Storch afirmou que a visita teve como objetivo fortalecer suas conexões e “defender nossos valores cristãos e conservadores em nível internacional”. “Para enfrentar com êxito a esquerda, os conservadores também precisam se conectar melhor internacionalmente. O Brasil é uma potência emergente e, além dos Estados Unidos e da Rússia, pode ser um parceiro estratégico global que nos permita construir o futuro juntos”, disse ela.

Destaque-se que o partido AfD é racista, antissemita e islamofóbico, conhecido pelo discurso radical anti-imigração e se alinhou ao negacionismo da pandemia e revisionista do Holocausto.

Fonte: BBC News Brasil de 26 de julho de 2021

10) É VERDADE:

Bolsonaro defendeu estudantes do Colégio Militar de Porto Alegre que haviam escolhido Adolf Hitler como o personagem histórico mais admirado. O então deputado federal ainda disse, na ocasião, que os alunos votaram em Hitler por entenderem que “de uma forma ou de outra”, o líder nazista soube impor ordem e disciplina.

Fonte: Revista Veja, 24 de outubro de 2018

11) É VERDADE:

“Melhor viver um dia como leão do que cem anos como cordeiro” disse Bolsonaro em uma live. Este era o bordão de Mussolini, o líder fascista da Itália.

Fonte: Correio Brasiliense, 1/06/2020

12) É VERDADE:

Em 2019, em evento com líderes evangélicos e rememorando sua visita a Israel, o presidente disse, sobre o Holocausto: “Podemos perdoar, mas não esquecer” O Yad Vashem afirmou então em comunicado que “não é direito de nenhuma pessoa determinar se crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados”.

Fonte: Veja, 12 de abril de 2019

13) É VERDADE:

Quando da visita ao Museu do Holocausto, Bolsonaro disse que o nazismo era uma ideologia de esquerda, no que foi desmentido por historiadores e pelo próprio governo alemão.

Fonte: Veja, 12 de abril de 2019

14) É VERDADE:

Adriana Dias, Doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), encontrou uma carta do presidente Jair Bolsonaro, publicada em sites neonazistas brasileiros em 2004. O documento do então deputado federal, que foi encaminhado em 17 de dezembro de 2004, deseja “felicidades aos internautas” pelo fim de mais um ano. No texto, Bolsonaro agradece o apoio dado por eles e afirma: “Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato”.

Fonte: https://www.cartacapital.com.br/politica/pesquisadora-encontra-carta-de-bolsonaro-em-portais-neonazistas-diz-site/

15) É MENTIRA que Jair Bolsonaro tenha acelerado o relacionamento entre o Brasil e Israel.

Bolsonaro e sua família se aproximaram da extrema-direita israelense, assim como de líderes extremistas de todo o mundo. Ele prometeu transferir a Embaixada do Brasil para Jerusalém, o que não aconteceu. Na verdade, o governo Lula destravou um acordo comercial entre o Mercosul e Israel, que estava paralisado havia anos. Isso sem prejuízo das relações comerciais com os países árabes. Em 2010, as exportações brasileiras para a região foram de US$ 10,5 bilhões, 450% superiores às de 2002. O saldo favorável ao Brasil saltou de US$ 900 milhões, em 2002, para US$ 5,84 bilhões, em 2010.

Fonte : https://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1530292-9356,00-BRASIL+E+ISRAEL+BUSCAM+AMPLIAR+ COMERCIO+APOS+ACORDO+COM+MERCOSUL.html

16) É MENTIRA que a comunidade judaica apoiou Bolsonaro em 2018.

A comunidade judaica é plural, não apoia um partido político. Enquanto um núcleo de empresários apoiou de fato Bolsonaro, o abaixo-assinado ‘Judeus contra Bolsonaro’ reuniu mais de 11 mil assinaturas, em 2018.

17) É MENTIRA que Bolsonaro seja “amigo dos judeus e de Israel”.

Bolsonaro é amigo da extrema- direita israelense. Ele, como alguns líderes evangélicos extremistas, defendem o apoio a Israel como um primeiro passo da conversão massiva dos judeus ao cristianismo. O apoio de Bolsonaro ao discurso de ódio também tem feito proliferar o antissemitismo, entre outras formas de intolerância no Brasil. Segundo um estudo de Adriana Dias, da Unicamp, o número de células neonazistas no Brasil aumentou em mais de 270% durante o mandato de Bolsonaro, chegando a 530 núcleos extremistas no país.

Fonte: https://www.cartacapital.com.br/politica/pesquisadora-encontra-carta-de-bolsonaro-em-portais-neonazistas-diz-site/.

Fonte: https://oglobo.globo.com/opiniao/editorial/coluna/2022/08/difusao-do-antissemitismo-durante-governo-bolsonaro- e-preocupante.ghtml

18) É VERDADE:

Que Jair Bolsonaro tomou um copo de leite puro durante live presidencial de 29 de maio de 2020. Apesar de o presidente dizer que estaria cumprindo um desafio da Associação Brasileira de Produtores de Leite, como forma de aumentar o consumo, pesquisadores afirmam que há uma correlação do gesto com movimentos supremacistas, que adotam o copo de leite como símbolo.

Para Adriana Dias, que há anos pesquisa o fenômeno do nazismo, há uma referência clara entre o episódio e o neonazismo. « O leite é o tempo todo referência supremacista. Tomar branco, se tornar branco. » O uso do leite como símbolo nos Estados Unidos ocorre, pelo menos, desde 2017, entre os supremacistas brancos”.

Para informações mais completas acerca do crescimento do antissemitismo durante o mandato de Jair Bolsonaro, acesse o ‘Relatório de Antissemitismo durante o Governo Bolsonaro’, disponível neste link: https://danielannenberg.com.br/wp-content/uploads/ios-LAShdQnl54g1AboF.pdf.

Conheça nossa página no Facebook