Com fundo milionário, cidade de Alagoas administrada por aliado de Lira deixa moradores sem remédios

Atualizado em 27 de julho de 2023 às 7:17
Cidade de Roteiro, Alagoas. (Foto: Reprodução)

Mesmo com uma verba milionária, a cidade de Roteiro, interior de Alagoas, acabou ficando por meses sem estoque de remédios básicos, como dipirona, antibióticos e anti-inflamatórios, e sem conseguir fazer exames. As informações são da coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles.

O caso da falta de insumos básicos intrigou pelo fato do município, nos últimos anos, ter sido um dos que mais recebeu dinheiro do governo federal. Apenas no ano passado, o Fundo Municipal de Saúde de Roteiro recebeu cerca de R$ 3,8 milhões do governo. Desde 2019, foram R$ 13,8 milhões em recursos da União.

Parte desse valor, cerca de R$ 2,5 milhões, foi enviado pelo presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) em 2021 e 2022 em emendas de relator, modalidade inventada na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e usada como moeda de troca na relação política com o Congresso.

A pequena cidade, próxima ao litoral e cercada por canaviais, é administrada por Alysson Reis, do PP, aliado de Lira.

Não é possível obter qualquer explicação sobre o destino de toda a verba que foi aplicada ao município. O Portal de Transparência da cidade informa estar “em manutenção” e os últimos contratos publicados no site da prefeitura são de 2020. Ou seja, não é possível saber para onde foram os mais de R$ 13 milhões em verba pública destinados ao pequeno município administrado por Lira e seus aliados.

Se os pagamentos da cidade não são transparentes, e hoje ela carece de medicamentos, é possível garantir então, que os insumos hospitalares não foram comprados.

A cidade integra o consórcio de prefeituras de Alagoas para compras de medicamentos e insumos de saúde, o Conisul, que recebe três vezes por ano encomendas dos municípios para medicamentos a preços abaixo dos de mercado.

Na última leva de pedidos feitos ao Conisul, no fim de 2022 e no começo de 2023, os servidores da região tentaram, sem sucesso, fazer compras. A prefeitura recebeu os pedidos dos funcionários do SUS, mas não emitiu a ordem de pagamento, alegando não haver recursos naquele momento.

Por conta disso, a cidade ficou sem remédios durante vários meses no primeiro semestre. O problema foi sanado só agora, na segunda leva de pedidos do Conisul de 2023.

Além da falta de remédios, funcionários relataram que, há cerca de um ano, materiais para fazer exames de sangue, urina e fezes estavam em falta.

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Foto: Bruno Spada

A Prefeitura de Roteiro foi questionada sobre a falta dos insumos básicos na cidade, mas até o momento não se pronunciou. Arthur Lira, responsável pelo repasse ao município por meio de emendas parlamentares, também foi procurado, mas não respondeu.

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