Com Jessica Jones, a Netflix e a Marvel mais uma vez acertam na parceria. Por Luísa Gadelha

Atualizado em 7 de dezembro de 2015 às 13:18
Jessica nos quadrinhos e na série
Jessica nos quadrinhos e na série

Jessica Jones, super-heroína da Marvel, não usa disfarce e tem ‘apenas’ um super-poder: uma força física acima da média, capaz de segurar um carro – em baixa velocidade, como ela mesma salienta –, e dar saltos não tão altos assim.

​A série, baseada nos quadrinhos da Marvel, foi lançada na Netflix no último 20 de novembro, e traz Jessica, investigadora particular no bairro de Hell’s Kitchen – o mesmo bairro onde atua o herói Demolidor – em Nova Iorque, lugar corrompido e de atmosfera obscura, onde reinam a podridão e a corrupção.

No meio desse caos, Jessica tenta sobreviver espionando e fotografando maridos e esposas infiéis, além de conviver com o traumático fim do relacionamento com seu ex, Kilgrave, o grande vilão da série. Kilgrave também possui um superpoder, o de controlar mentes e fazer com que as pessoas obedeçam suas ordens.

​A série começa um ano após a suposta morte e reaparição de Kilgrave na vida de Jessica. Aos poucos, flashes do passado e do relacionamento abusivo surgem na trama, mostrando Jessica sendo abusada e manipulada pelo execrável vilão.

​Jessica Jones é uma personagem menor nos quadrinhos da Marvel. Menor no sentido de ser menos conhecida que os demais personagens do universo no qual ela interage: Os Vingadores, Demolidor e Homem Aranha.

Mas a Netflix e a Marvel mais uma vez acertam na parceria, após o sucesso estrondoso da série Demolidor, criando uma série tendo uma super-heroína como protagonista. Uma heroína um tanto quanto perturbada, com traumas, com problemas com álcool, movida pela raiva e pela vingança, que não se preocupa em salvar o mundo, mas, ainda assim, uma heroína. E de personalidade forte. Que tenta superar o passado e ajudar outras vítimas do desprezível Kilgrave.

A forma vagarosa como o vilão vai sendo apresentado, de relance, de costas, em sombras, o timbre de sua voz, tudo demonstra um homem de grande poder psicológico, astucioso, capaz dos piores artifícios para perseguir e atormentar a ex-namorada.

A trama está permeada de mulheres fortes, que se defendem e se protegem: a melhor amiga de Jessica, Trish, que, na falta de superpoderes, tem aulas de lutas e defesa física; Hogarth, a bem-sucedida advogada lésbica que contrata Jessica para serviços de investigação. Hope, a primeira vítima após o reaparecimento de Kilgrave, que tem coragem de ir a público relatar o abuso sofrido.

A série passaria facilmente no teste de Bechdel, segundo o qual, para uma obra de ficção não ser considerada machista, precisa preencher três requisitos: a) ter ao menos duas mulheres como personagens; b) que elas conversem entre si; e c) que a conversa não seja sobre um homem.

Jessica Jones faz parte da nova safra de protagonismo e mais visibilidade feminina em livros, filmes e séries, como as produções recentes Mad Max e Hunger Games e as séries How to get away with murder, com a talentosíssima Viola Davis no papel de uma advogada negra, próspera e sem escrúpulos e The Fall, com uma detetive, que tem preferência por rapazes mais jovens, no encalço de um serial killer de mulheres.

​A parceria da Marvel com a Netflix tem dado tão certo que já foi anunciada uma próxima série para 2016, chamada Os Defensores, reunindo os universos de Jessica Jones e Demolidor, que combaterão o crime em Nova Iorque em conjunto com Luke Cage, o super-herói “inquebrável” – esse, que também aparece em Jessica Jones, também ganhará uma série própria em 2016.