Com tornozeleira eletrônica e sem armas, Cid deverá mostrar as provas de sua delação

Atualizado em 10 de setembro de 2023 às 9:57
Tenente-coronel Mauro Cid. (Foto: Reprodução)

Mauro César Cid, um dos principais auxiliares de Jair Bolsonaro nos quatro anos de seu governo, teve seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) homologado no último sábado (8) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No mesmo dia em que ocorreu a homologação, Moraes concedeu liberdade ao militar. Contudo, o magistrado impôs condições a Cid, dentre elas;

-O uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de ausentar-se da Comarca;

-O afastamento do exercício das funções de seu cargo de oficial no Exército;

-A obrigação de apresentar-se semanalmente perante ao Juízo da Execução da Comarca de origem;

-A proibição de ausentar-se do país e cancelamento de todos os passaportes emitidos em nome do investigado;

-A suspensão imediata de porte de arma de fogo bem como de realizar atividades de colecionador, tiro desportivo e caça;

-A proibição de utilização de redes sociais e proibição de comunicar-se com os demais investigados, com exceção de Gabriela Cid (esposa), Beatriz Cid (filha) e Mauro Lourena Cid (pai).

Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens de Jair Bolsonaro. Fonte: Reprodução.

A partir de agora, o ex-braço direito de Bolsonaro deverá dar mais detalhes e entregar aos investigadores elementos probatórios que ajudem a esclarecer as suspeitas que envolvem Bolsonaro, como o suposto esquema envolvendo a inserção de dados fraudulentos no sistema do ministério da Saúde, a venda e desvio de presentes recebidos pelo governo brasileiro e a trama para uma tentativa de golpe no país.

Em troca das informações que revelar, o militar poderá ter um abatimento ou até mesmo um perdão de uma eventual pena em caso de condenação.

O papel de Mauro Cid

Mauro Cid estava preso desde o dia 3 de maio no Batalhão do Exército de Brasília.

O ex-ajudante de ordens desempenhou um papel íntimo na vida de Bolsonaro e outros membros proeminentes do seu governo. Ele testemunhou reuniões, recebeu informações sigilosas e foi responsável por movimentações financeiras heterodoxas durante o mandato.

Seus depoimentos podem oferecer informações valiosas para as investigações em andamento, particularmente relacionadas ao inquérito das milícias digitais e à venda de presentes oficiais.

O militar era conhecido por seu meticuloso registro de informações. Em buscas em sua residência em maio, a polícia apreendeu uma vasta quantidade de dispositivos eletrônicos e documentos escritos, incluindo informações relacionadas a “emendas parlamentares e o valor de 8,9 milhões de reais”, decisões do STF, e até questões relativas ao TSE e urnas eletrônicas.

Ele tinha até um quarto no Palácio da Alvorada. Cid fez do seu celular uma espécie de raio-x da cabeça oca do chefe.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link