Comentaristas da Globo defendem banho de sangue de Israel em Gaza

Atualizado em 14 de outubro de 2023 às 6:52
Jorge Pontual, jornalista da GloboNews, em sua participação do Em Pauta desta sexta-feira (13). Reprodução

A recente cobertura dos conflitos em Gaza pelos meios de comunicação tem trazido à tona narrativas preocupantes e parciais, defendendo a continuidade do conflito e minimizando a tragédia humanitária que se desenrola.

A fala de Jorge Pontual na GloboNews, em que alegou que “pedir um cessar-fogo agora é ajudar o Hamas” e que a única solução percebida é uma saída militar, parece abraçar a vingança como uma estratégia política viável e justificável. Tal postura acolhe um eco perturbador nas palavras do Ministro da Defesa de Israel que, de maneira imprópria, se refere a civis palestinos de uma maneira profundamente desumanizante: “animais humanos”.

“Comparar o dano causado pelos bombardeios a Gaza com a morte desses civis que foram chacinados pelo Hamas… não tem comparação”, alega Pontual, estabalecendo uma diferença entre vítimas do bem — as israelenses — e do mal — as palestinas. Quem está em Gaza merece o cemitério e o inferno.

Demétrio Magnoli, endossando essa visão, afirma que o apelo brasileiro por um cessar-fogo alinha-se aos interesses da Rússia, o que parece transformar a busca pela paz e pela preservação de vidas em um ato de tomada de partido em complexas dinâmicas geopolíticas. Essa perspectiva de advogar pela guerra, mesmo diante das inúmeras mortes e destruição desenfreada, é alarmante.

A Organização das Nações Unidas disse que ao menos 340 mil habitantes de Gaza tiveram que deixar as suas casas nos últimos dias, por causa de bombardeios lançados por Israel, após o ataque do Hamas no último sábado (7).

Um balanço divulgado nesta manhã pelo governo palestino indica que 1.417 pessoas morreram em Gaza desde o início dos ataques de Israel. Entre elas estão 447 crianças e 248 mulheres.

Após tantos anos de conflito e tensão na região, a desolação que as palavras de Pontual causam é ainda mais aguda quando sugere que a destruição imposta por Israel sobre Gaza é justificável. Esta declaração abertamente apoia a continuação do massacre, criando um espaço midiático em que a vida de civis torna-se uma moeda de troca aceitável no tabuleiro internacional.

A música já nos alertava: “O fascismo parece deixar toda a gente ignorante e fascinada”. E é precisamente a essa fascinação com uma narrativa unilateral e beligerante que devemos resistir. A importância do cessar-fogo em Gaza é vital, não apenas para interromper a atual efusão de sangue, mas para criar um espaço onde a diplomacia e o diálogo possam emergir acima dos escombros e das perdas.

Guerra não é, e nunca deveria ser, o caminho percebido como único ou inevitável. A imprensa deveria se comprometer com uma cobertura que condenasse a violência e defendesse a vida e a dignidade humanas acima de tudo.

Quando se trata de advogar a morte em nome de um moralismo seletivo e assassino, o resultado é isso. Alimentam a extrema-direita e o genocídio autorizado e depois reclamam do monstro que criaram.

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